Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Segredo do futebol no Brasil e no mundo é sempre evoluir

Palmeiras foi campeão, mas tem espaço para crescer e Gabriel Jesus continua discreto

Inspirado na coluna de Tati Bernardi “Meu primeiro livro”, eu me lembrei dos que li, desde a adolescência, e que continuam presentes em meu imaginário, como “Mar Morto”, de Jorge Amado, “Água Viva”, de Clarice Lispector, “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, as crônicas de Rubem Braga, “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, “Encontro Marcado”, de Fernando Sabino, as obras de Freud, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade e, mais recentemente, “Doutor Pasavento”, de Enrique Vila-Matas. Dê livros de presente!

Terminou o Brasileiro. O América, meu time de infância, retornou à Série B. Meu pai ficaria muito triste.
Quando eu era menino, ia com ele assistir aos treinos do América. Voltávamos a pé e parávamos no Café Nice, no centro de Belo Horizonte, ao lado da Praça Sete, onde havia reuniões de americanos. Discutiam futebol e o América por horas. Eu observava. Continuo silencioso.

Todos precisam evoluir. O Palmeiras tem um ótimo elenco e uma estratégia eficiente, mas não foram suficientes contra adversários mais fortes, na Copa do Brasil e na Libertadores, o título mais desejado.

São Paulo e Atlético-MG começam a Libertadores mais cedo. O São Paulo substituiu um técnico experiente, que não agradava (Diego Aguirre), por um jovem com boas ideias (André Jardine), enquanto o Atlético-MG seguiu o caminho inverso. Trocou um técnico jovem (Thiago Larghi), que fazia bom trabalho, por um rodado (Levir Culpi), que, apesar de demonstrar cansaço pelo futebol, sabe das coisas.

Diego Aguirre foi demitido pelo São Paulo na reta final do Campeonato Brasileiro
Diego Aguirre foi demitido pelo São Paulo na reta final do Campeonato Brasileiro - Marcello Zambrana-16.set.18/AGIF/Folhapress

O Atlético-PR, pelo bom futebol que tem mostrado e pela organização do clube, tem boas chances de ganhar a Copa Sul-Americana, participar da Libertadores e passar a fazer parte, rotineiramente, do grupo dos grandes times do Brasil. O jovem técnico Tiago Nunes faz bom trabalho, como Odair Hellmann, no Internacional, e Carille, no Corinthians, em 2017. Assim como os veteranos, técnicos jovens ganham e perdem.

Continua o futebol na Europa. No fim de semana, o Manchester City, dirigido por Guardiola, que não é jovem nem veterano, deu mais uma aula ao mundo de como jogar um futebol moderno, eficiente, agradável e inventivo.

Mesmo assim, Gabriel Jesus continua discreto. Ele criou uma enorme expectativa e ficou nisso. O fracasso na Copa do Mundo mexeu com seu imaginário ou o futebol dele é esse mesmo? Nesta terça-feira (4), o Manchester City enfrentaria o Watford, pelo Campeonato Inglês.

 
Muitos vão argumentar que o Manchester City ainda não brilhou na Liga dos Campeões. Penso que a principal razão é a falta de um Messi, de um Cristiano Ronaldo, de um Neymar. Outros vão contrapor que as seleções desses grandes jogadores não foram bem na Copa e que o PSG ainda não fez nada importante na Liga dos Campeões.

O futebol tem muitas variáveis, é muito complexo. Nós é que tentamos simplificá-lo, racionalizá-lo, com nossas soberbas verdades.

*

O ano de 1968, 50 anos atrás, foi marcado pela peça Roda Viva, de Chico Buarque, pelo Álbum Branco, dos Beatles, pelo assassinato de Martin Luther King, por grandes protestos no mundo, pela invasão da Tchecoslováquia pela União Soviética, pelos Jogos Olímpicos do México e pela decretação do famigerado AI-5, em 13 de dezembro. Nunca mais!

Queremos democracia, segurança, desenvolvimento econômico e social e o fim da corrupção, do toma lá dá cá e do ranço moralista.

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