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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Exceto em momentos excepcionais, mesmo os gênios não ganham sozinhos

Em Argentina e Brasil, faltam craques para dividir a responsabilidade com Messi e Neymar

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Messi voltou a jogar pela seleção argentina depois de quase nove meses fora
Messi voltou a jogar pela seleção argentina depois de quase nove meses fora - Pierre-Philippe Marcou/AFP

O treinador Fabio Capello disse que só existem três gênios no futebol: Pelé, Maradona e Messi. Penso que ele se refira a craques que, além da exuberância técnica e da eficiência, se aproximam do mistério, do que não tem explicação nem nunca terá, como escreveu Chico Buarque, outro gênio da raça.

Jorge Valdano, ex-jogador e brilhante filósofo do futebol, falou que, ao contrário do que seria o senso comum, é muito difícil para os atletas normais, mesmo os bons, como os da seleção argentina, compreenderem um gênio, como Messi. Concordo e acrescento que Messi também tem dificuldades para entender os normais. Quando os outros pensam, ele já pensou antes e fez.

Penso ainda que Messi tem outra dificuldade quando atua pela seleção, a de ficar mais preocupado que o habitual em ser solidário, participar do jogo coletivo, abraçar a camisa do país e ser igual aos outros. Ele não é. É diferente.

Na derrota da última semana para a Venezuela, por 3 a 1, Messi jogou muito bem, mas faltou sua genial individualidade, para decidir a partida. É o que todos esperam. Fora em momentos excepcionais, mesmo os gênios não ganham jogos sozinhos.

A seleção brasileira é superior à da Argentina, no conjunto e individualmente, mas as duas vivem situações parecidas, independentemente dos resultados e atuações nos amistosos desta terça-feira (26). Há muitos bons jogadores em ambas, mas faltam craques para dividir a responsabilidade com Messi e Neymar.

França e Inglaterra, por terem tido uma média baixa de idade na Copa de 2018 (mais ou menos 26 anos), têm grandes chances de estarem melhor em 2022. O jovem Sterling, que errou demais na Copa, está cada dia melhor. O francês Mbappé se consolida como um dos maiores do mundo.

Contra o Panamá, o Brasil enfrentou um time que marcava muito atrás e não conseguiu criar chances de gol. Já os tchecos, no primeiro tempo, marcaram em todo o campo, tomaram a bola com facilidade, fizeram um gol e podiam ter feito mais.

No segundo tempo, logo no início, o Brasil ganhou um gol de presente. Por causa disso, pelo cansaço do adversário e pelas mudanças feitas por Tite, o Brasil melhorou, fez três e poderia ter feito mais.

O time do segundo tempo não tem nada a ver, na escalação e no sistema tático, com o habitual, usado por Tite desde as eliminatórias. A equipe passou a atuar com dois jogadores abertos, dribladores, dois no meio-campo e uma dupla de atacantes.

Por causa de um único jogo, surgirão dezenas de novas opiniões, conceitos e verdades sobre os jogadores e a equipe. Espero que Tite não se iluda. Por outro lado, o jogo vai mexer com o técnico, abrir novas possibilidades. Isso é ótimo.

Após o jogo contra o Panamá, o "titês" voltou com tudo, inspirado. As últimas novidades foram: "faltou o externo desequilibrante" (ponta que dribla), "sinapse no último terço do campo" (troca de passes perto da área adversária) e "performar o resultado" (ter um bom desempenho). O "titês" é uma língua viva.

Antigas novidades

O Bangu, que está na semifinal da Taça Rio, foi campeão carioca em 1966. O time jogava com o centroavante Cabralzinho, que voltava para receber a bola no meio-campo e a lançava, nas costas dos zagueiros, para os velozes pontas (Paulo Borges e Aladim), que entravam em diagonal. É a mesma estratégia moderna do Liverpool. Na seleção, Richarlison faz o mesmo, da direita para o centro. Paulo Borges foi convocado para os treinos da Copa do Mundo de 1966.

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