Jogadores, treinadores e dirigentes, que costumam perturbar o trabalho de árbitros e auxiliares, passaram também a reclamar do árbitro de vídeo. No fim de semana, os dois gols não confirmados do Atlético-MG, a expulsão de um jogador do Galo e a anulação do pênalti marcado em Dudu foram corretos.
Para um comentarista de arbitragem, o árbitro acertou em não dar o pênalti em Dudu e errou ao pedir a colaboração do VAR, por ser um lance de interpretação. Para ele, o árbitro de campo errou e acertou. Se ele pode usar o VAR para definir melhor sua conduta, por que não?
O Brasil, depois da eliminação do Mundial sub-20, ficou fora do hexagonal final do Sul-Americano sub-17, que define os participantes do Mundial da categoria. A Argentina, que precisava vencer o Brasil por três gols de diferença, sufocou desde o início, fez três e poderia ter feito muito mais. O Brasil só vai estar no Mundial porque será a sede da competição, em outubro.
A seleção sub-17 e a sub-20 do Brasil atuam da mesma maneira que os times brasileiros, com excesso de chutões e de bolas aéreas. Deixam muitos espaços entre os setores. Vivem de estocadas e de lances individuais isolados. Há pouca troca de passes, triangulações e domínio da bola e do jogo.
Mesmo assim, existe, no Brasil, uma adoração pelos técnicos das categorias de base e das equipes principais. Justificam que são modernos, científicos, e que usam muito bem a tecnologia e as estatísticas.
Conhecimento não é a soma de números. Como disse André Loffredo, no SporTV News, os números têm de ser analisados pelo que acontece no jogo. Não são os números que explicam e definem a atuação e a partida.
Vejo ainda uma enorme dificuldade emocional dos jogadores das seleções de base e principal em tomar decisões, dentro de campo, que não foram planejadas. O mesmo tem ocorrido na Libertadores. Os jogadores são muito dependentes dos treinadores e transferem a responsabilidade aos “professores”.
Recomeçou a Libertadores. Palmeiras, Internacional, Flamengo e Cruzeiro ganharam as duas primeiras partidas. O Flamengo está melhor, principalmente porque trouxe ótimos reforços (Gabriel, Bruno Henrique e outros) e também porque tem jogado um futebol mais vibrante, em direção ao gol. No ano passado, a equipe cadenciava mais a partida. A estratégia de jogo é que define se um time é mais aguerrido que o outro.
O Cruzeiro, além de ter melhorado o elenco, com a troca de vários reservas por outros melhores, de ter se reforçado com Rodriguinho, Marquinhos Gabriel e Fred, que voltou de lesão, continua uma equipe bastante segura, que, raramente, deixa muitos espaços ao adversário. O time está sempre bem posicionado defensivamente, com duas linhas de quatro. Por isso, assim como acontece com o Corinthians, é difícil de ser vencido, mesmo por fortes adversários. Quando o Cruzeiro recupera a bola, avança, com troca de passes e muitos jogadores. Às vezes, por ser muito repetitivo, metódico e previsível, o jogo do Cruzeiro parece tedioso, sem brilho.
Insisto que há uma pressa em analisar e comparar jogadores, treinadores e times, baseados em estatísticas, com pouquíssima amostragem, em poucos jogos e contra adversários fracos e diferentes. A partir de agora, com jogos mais decisivos e difíceis, e, principalmente, durante o Brasileiro, quando todas as equipes se enfrentarão, conheceremos melhor a qualidade dos atletas e dos times.
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