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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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No Brasil é tudo ou nada, danem-se os fatos e o bom senso

A seleção não esteve tão ruim contra a Venezuela, nem virou um timaço contra o Peru

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Após o empate do Brasil contra a Venezuela, por 0 a 0, houve uma enxurrada de críticas a Tite. Concordo com algumas, na escalação e na estratégia, embora haja uma supervalorização de muitos detalhes que têm pouca ou nenhuma importância. Em quase todas as posições, existe pouca diferença entre os convocados. Nas derrotas, o melhor é sempre quem está na reserva.

Tite, depois das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, de guru e supertécnico, passou, depois do Mundial, a ser teimoso, um pastor de vazias palavras. É assim no Brasil. É tudo ou nada. Danem-se os fatos e o bom senso.

No sábado (22), o Brasil, até os 20 minutos, não tinha feito nenhuma jogada coletiva ofensiva e já ganhava por 2 a 0, graças a um escanteio —o Brasil é forte pelo alto— e a um grave erro do goleiro. Isso definiu a história da partida. A seleção, com muita confiança, cresceu bastante, e a do Peru se abateu. Todos jogaram bem, especialmente Everton.

Homens de camiseta amarela e shorts azul comemoram em gramado
Thiago Silva, Daniel Alves e companheiros comemoram gol de Willian, o quinto da seleção contra o Peru - Henry Romero/Reuters

A mudança tática, com Everton e Gabriel Jesus jogando bem abertos, foi importante. Nos jogos anteriores, Richarlison entrava pelo meio, e Daniel Alves não avançava pela ponta. A marcação em quem estava com a bola é outra qualidade do time.

O Brasil não esteve tão ruim, como se disse, após o empate com a Venezuela, nem virou um timaço, por causa de um único jogo atípico. Não significa também que Tite achou o time. Muitas coisas ainda vão acontecer. Se o Brasil voltar a jogar mal na próxima partida, retornam as críticas e a depressão.

Repito, independentemente da atuação e do resultado contra o Peru, que o Brasil continua produzindo um enorme número de bons e ótimos jogadores, mas falt am, no meio-campo e no ataque, com exceção de Neymar, um ou dois atletas especiais, que estejam entre os melhores do mundo em suas posições.

Ainda bem que o Brasil tem um goleiro e uma zaga excepcionais e um lateral-direito veterano, com enorme talento.

A França é campeã do mundo porque tem Mbappé, Pogba, Griezmann e Varane, destaques mundiais. A Alemanha, a do 7 a 1, não tinha um Messi, um Cristiano Ronaldo e mesmo um Neymar, mas possuía Kroos, Neuer, Hummels e Schweinsteiger, que, na época, estavam entre os grandes de suas posições no mundo. A Bélgica, em 2018, tinha Hazard e De Bruyne juntos, dois craques.

Quem sabe, surja um outro grande craque até a Copa? Temos que melhorar muito, especialmente para enfrentar as melhores equipes europeias.

O futebol mudou

Neste domingo (23), contra o Qatar, a Argentina corre o risco de voltar para casa. Escuto, com frequência, que brasileiros torcem para Messi ser campeão pela Argentina. Contra o Paraguai, Messi estava, novamente, perdido, isolado, cumprindo sua pesada missão de dar um título à seleção.

É cada dia mais evidente que os grandes craques, do passado e do presente, são craques porque jogam em grandes times. Um depende do outro. Os craques não decidem nada sozinhos.

Além disso, as equipes atuais, especialmente as pequenas, evoluíram muito na marcação, com sete ou oito jogadores próximos à área, sem deixar espaços entre eles. Os times bobos ainda existem, mas são raros.

Brasil x França

Neste domingo, o Brasil vai enfrentar, pelo Mundial feminino, uma das equipes mais fortes da competição, além da Marselhesa, cantada, com emoção, por todos os franceses.

A França é favorita, mas o Brasil pode surpreender. Temos Marta.

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