Apesar da ausência de Neymar, de dois empates por 0 a 0 e de ter jogado menos que a Argentina na vitória por 2 a 0, o Brasil mostrou bom futebol coletivo e vários momentos individuais brilhantes, embora longe da equipe que ganhou e encantou nas eliminatórias para a Copa de 2018, com Neymar.
Gabriel Jesus e Everton atuaram melhor do que se esperava. Gabriel estava mais descansado que os outros, pois joga pouco no Manchester City. Será importante que os dois evoluam, para o time, contra as melhores seleções do mundo, não depender tanto de Neymar. Gabriel Jesus e Firmino fizeram ótima dupla. Os dois se completam.
Firmino é extremamente inteligente, com toques precisos, enquanto Gabriel Jesus é rápido e vibrante.
Firmino é um centroavante armador, e Gabriel Jesus, um ponta artilheiro, embora Firmino também faça gols e Gabriel dê passes decisivos. Na Copa de 1970, o Brasil tinha também um ponta artilheiro, Jairzinho, e um centroavante armador, Tostão.
O Brasil, quando perdia a bola e não a recuperava imediatamente, voltava e formava uma linha de quatro no meio-campo, com os dois volantes, Gabriel de um lado e Everton de outro. Coutinho ficava mais à frente, sem participar da marcação. Provavelmente, Neymar vai ocupar seu lugar. Coutinho é melhor pelos lados, como nas eliminatórias.
No segundo gol contra o Peru, Arthur avançou com a bola até perto da área e deu para Gabriel Jesus marcar. Isso vai encorajar Arthur a tentar mais essas jogadas, o que será ótimo, desde que chegue à frente no instante certo e que não tente o passe para frente para o companheiro marcado. Os grandes meio-campistas não são apenas os que dão passes para gol, são também os que fazem as escolhas certas e não perdem a posse da bola.
Juninho Paulista, campeão mundial em 2002, será o coordenador técnico da seleção. Tite participou da escolha? Aprovou? Juninho faz parte do Conselho de Craques da CBF, que não sei bem o que faz. Muitos estão lá para arrumar uma boquinha na entidade, o que não significa que alguns não sejam bem preparados para assumir outras atividades. Juninho estudou para se tornar um dirigente.
Na Copa América, a grande novidade, estranha, foi o discreto Messi dizer, entre outras coisas, que tudo estava armado para o Brasil ganhar.
Seria bom que Messi falasse mais, fosse mais crítico, o que não é obrigação. Nem deveríamos cobrar dele essa atitude. A Argentina foi prejudicada contra o Brasil, Messi não deveria ter sido expulso contra o Chile, mas ele passou dos limites, deu uma de Maradona, em uma atitude inconsequente e arrogante, por não ter provas do que disse.
Pisou na bola.
Copa do Brasil
Os técnicos adoram dizer que falta tempo para treinar as equipes. É um bom álibi. Mas, se o time for mal, após a longa paralisação e muitos treinos, a desculpa de que faltou ritmo de jogo já está pronta.
Imperfeição
Graciliano Ramos dizia que escrever é a arte de cortar palavras. João Gilberto simplificou tanto, o canto e a batida no violão, que atingiu quase a perfeição. O talento é a arte de tornar simples o que é complexo. Assim é também no futebol.
Assisti a um show de João Gilberto em Belo Horizonte. Ele, como era frequente, reclamou do som, antes de começar a cantar. Uma pessoa na plateia gritou: “João, você acredita na perfeição"? Ele respondeu: “Não, mas a imperfeição me incomoda muito”.
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