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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Pragmáticos sonhadores

Jorge Jesus, assim como Sampaoli, gosta de correr riscos calculados

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Uma correção. Escrevi que a dupla de atacantes e o sistema tático 4-4-2 começaram com os ingleses, na Copa do Mundo de 1966. Foi o início do 4-4-2, mas a dupla de atacantes já existia bem antes, como na seleção brasileira de 1958.

Das quatro partidas decisivas desta quarta (17) pela Copa do Brasil, apenas o Cruzeiro tem uma enorme vantagem. A turma do “eu acredito” que encontro pelas ruas me lembra sempre que o Barcelona ganhou do Liverpool, por 3 a 0, e, logo depois, perdeu por 4 a 0. Tudo é possível.

Jorge Sampaoli, técnico do Santos
Jorge Sampaoli, técnico do Santos - Carlos Garcia - 13.dez.2018/Reuters

Na primeira partida, Mano Menezes, acertadamente, colocou o time atrás, para contra-atacar, e trocou o paradão Fred pelo rápido Pedro Rocha, com a finalidade de atrair o adversário, diminuir os espaços dos velozes meias do Galo e aproveitar os deixados pela lenta defesa do Atlético. O gol logo no início potencializou a estratégia de Mano. Provavelmente, o técnico vai manter a conduta, o que não significa que tudo se repetirá.

Se o Cruzeiro for eliminado, entrará em crise, por ser contra o grande rival, por fazer mais uma péssima campanha no Brasileiro, por ter salários atrasados e pelas graves e contundentes denúncias contra o clube, que culminaram com o afastamento do vice-presidente Itair Machado. Ele deveria ter renunciado antes de ser tirado. Segundo vários especialistas, é ruim –e só piora– a situação financeira do clube.

O Flamengo, eufórico com Jesus e com o 6 a 1 sobre o Goiás e por jogar em casa, é o favorito, a não ser que o Athletico-PR faça uma grande partida, para esquecer, para sempre, os fantasmas da dependência do gramado artificial e da paralisia emocional, quando joga fora de casa.

Jorge Jesus, assim como Sampaoli, é um técnico que gosta de correr riscos, calculados, pela convicção de que vale a pena. São dois pragmáticos sonhadores. A ousadia é bem-vinda, ainda mais se tiverem sucesso, por estimular os técnicos brasileiros a serem menos medrosos. Isso melhora a qualidade do espetáculo.

Discordo apenas do maniqueísmo de rotular os técnicos estrangeiros como supermodernos e os brasileiros como superultrapassados. Há técnicos bons e ruins, dentro e fora do Brasil, com variadas ideias. Não podemos ser também tendenciosos, parciais e achar que tudo o que preferimos é o melhor e o mais correto.

O Flamengo, além de jogar com os zagueiros adiantados e marcar mais à frente, utilizou, nos dois jogos com Jorge Jesus, um sistema tático mais ousado que o dos grandes times europeus. Equipes como Manchester City, Barcelona, Liverpool e outras jogam também com apenas um volante, mas possuem um meio-campista de cada lado, que marca e ataca. Nas duas partidas, o time deixou muitos espaços à frente e nas costas dos defensores. O Athletico pode aproveitar isso, como já fez no primeiro jogo, quando perdeu muitos gols.

O futebol é mais que um esporte. É a união do entretenimento com a competição, da emoção com a razão, da organização com a improvisação, da técnica com a fantasia, da ousadia com a prudência, da ciência com o acaso.

Bahia e Grêmio e Palmeiras e Internacional devem fazer jogos equilibrados. O Palmeiras, pela vantagem de um gol e pela segurança e regularidade, tem mais chance, embora o Internacional se transforme quando atua em casa. Queria ver as quatro partidas, na íntegra. Deveriam ser duas na quarta-feira e duas na quinta-feira, em horários diferentes. O calendário do futebol brasileiro foi feito para faturar. O restante é secundário.

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