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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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A vida é feita de desejos

O extremista mutila o que há de mais precioso no ser humano

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Gostaria de enviar uma carta a Papai Noel, como fazia na infância, mas lembrei que ele não lê mais cartas, só mensagens eletrônicas de até 280 caracteres. Desisti.

Sou um jovem idoso, com a mesma idade do novo técnico do Santos, de hábitos antigos, como o de ter celular apenas para fazer e receber ligações, mas de pensamentos e devaneios modernos. Tenho admiração e curiosidade pelo novo, pelos avanços da ciência, da tecnologia, do futebol e de todas as áreas, e também pela evolução do comportamento humano.

Meu receio não é a bem-vinda utilização, cada vez maior, da tecnologia. Meu temor é que o ser humano incorpore tanto a linguagem da máquina e se torne um aplicativo, um software, com desejos e sentimentos apenas programados.

Tenho muitos desejos. Gostaria que os técnicos brasileiros utilizassem mais os novos conhecimentos, o que não significa que todos tenham de fazer do mesmo jeito. A diversidade é fundamental. Muitos técnicos sabem das coisas, mas falta ousadia e oportunidade. Não basta também saber. É preciso saber fazer.

Em outra coluna, escrevi que o fascínio dos técnicos brasileiros pelo jogo defensivo e pelo pragmatismo vem do sucesso dos italianos, especialmente após a vitória sobre o Brasil na Copa de 1982 e pelas rígidas duas linhas de quatro recuadas, que começou com os ingleses em 1966. Faltou dizer o mais importante, a enorme influência da conquista da Copa de 1994, quando se adotou, com Parreira, na íntegra e nos detalhes, a rígida marcação com oito jogadores atrás da linha da bola. Deu certo, pela eficiência da marcação e porque o Brasil tinha Bebeto e, principalmente, Romário, no ataque.

Gostaria que os clubes brasileiros contratassem gestores profissionais, especialistas em finanças do esporte, sem vínculo pessoal e profissional com os atuais dirigentes, que se dizem apaixonados pelo clube, apesar de uma coisa não ser incompatível com a outra. Gostaria que houvesse uma ampla reformulação no Cruzeiro e que o clube voltasse à Série A e a ser um dos grandes do futebol brasileiro.

Gostaria de ver Messi brilhar, por longo tempo, com seu magistral repertório, além de Cristiano Ronaldo, com sua precisão nas finalizações, pelo chão e pelo alto, com suas impulsões incríveis para cabecear.

Messi mostra sua sexta bola de ouro antes da partida contra o Mallorca pelo Campeonato Espanhol
Messi mostra sua sexta bola de ouro antes da partida contra o Mallorca pelo Campeonato Espanhol - Josep Lago - 7.dez.2019/AFP

​Gostaria também de ver Neymar brilhar daqui para frente, com regularidade, para recuperar seu lugar de terceiro melhor do mundo.

Gostaria que acabasse em todo o mundo as ações racistas, hediondas e intoleráveis, que ocorrem na vida e nos estádios de futebol.

Jorge Jesus vai continuar no Flamengo. Ótimo! Ele disse, sem nenhuma falsa modéstia, que só sairia para cinco clubes da Europa. Quais seriam? Acho que seriam, no mínimo, sete: Barcelona, Real Madrid, Liverpool, Manchester City, Juventus, PSG e Bayern. Todos são candidatos ao título da Liga dos Campeões e superiores ao Flamengo. Há outros clubes, mas tenho dúvidas nessas comparações. Como nenhum desses sete clubes o convidou, ele continua no Flamengo.

Gostaria que diminuísse bastante a polarização, a radicalização, que tomou conta do país. O extremista mutila o que há de mais precioso no ser humano, a independência, a liberdade e a capacidade de escutar e de aprender com o outro, mesmo que ele tenha opiniões diferentes. A verdade não está somente no que pensamos e desejamos.

Feliz Natal a todos!

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