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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Brasileiro-2019 é uma passagem sem brilho, com algumas exceções

Flamengo e alguns jogadores promessas foram os destaques do torneio

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Termina hoje o Campeonato Brasileiro, com duas situações inusitadas e opostas. 

Uma, na parte de cima da tabela, com o show do Flamengo. Outra, na parte de baixo, com a última chance de o Cruzeiro, um dos grandes, 54 pontos atrás do Flamengo, fugir do rebaixamento

Fora isso, o restante do campeonato é uma passagem sem brilho, com algumas exceções, como o surgimento de ótimas promessas.

No futebol, existem observadores de todos os tipos, amadores, profissionais, curiosos, de variadas idades. 

Homem com blusa vermelha levanta taça prateada em estádio
Gabriel Barbosa, do Flamengo, levanta a taça do Campeonato Brasileiro - Carl de Souza/AFP

Alguns mais velhos acompanharam nos detalhes a evolução do futebol nos últimos 50 anos. Outros, saudosistas, acham que tudo o que é novo é porcaria. Confundem nostalgia, um delicioso sentimento, com saudosismo, em pensar que tudo no passado era muito bom e melhor.

Entre os jovens, há os que se interessam pela história do futebol e outros que acham que o mundo começou com a internet e com as redes sociais. 

Opinam ainda que o futebol, no passado, era lento e chato, influenciados pela imagem de Gérson caminhando com a bola, na Copa do Mundo de 1970, como se fosse assim durante todo o tempo e em todas as partidas.

Gérson se movimentava bastante, recebia a bola dos zagueiros, dos laterais, dos volantes e até do goleiro para organizar as jogadas, trocar passes e, no momento certo, tentar um lançamento longo, além de chegar perto da área adversária, para finalizar, como no segundo gol na final contra a Itália. Ele era um meio-campista moderno, como seu xará do Flamengo.

O futebol se transformou, em todo o mundo ao longo do tempo, especialmente nos últimos 15 anos. Para os que não acompanham nos detalhes as principais equipes da Europa, o Flamengo é uma descoberta, algo estranho, outro futebol. 

A única coisa que não mudou nos últimos 50 anos foi o desenho tático na prancheta. Continuam parecidos. A prancheta não corre nem sonha.

De onde veio o encantamento dos técnicos brasileiros das últimas décadas com o jogo pragmático, defensivo? 

Após a Copa de 1970, o artista Pasolini disse que a poesia brasileira tinha derrotado a prosa italiana. Em 1982, teria acontecido o contrário, embora a equipe de 1970 tivesse também prosa e a italiana de 1982 tivesse também poesia.

O Brasil passou a seguir o modelo italiano, de muita marcação, de bolas longas e de contra-ataques. 

Os italianos, que tiveram muito sucesso com o jogo defensivo, passaram a ter maus resultados e a perceber que o futebol tinha mudado. Existe hoje uma preocupação na Itália em jogar outro futebol.

Mas não foi só isso. Houve um fascínio no Brasil que começou no Corinthians, com Mano Menezes, seguido por Tite e Carille, pela rígida marcação inglesa, iniciada pela seleção campeã do mundo de 1966.

Quando perdia a bola, havia a recomposição rápida e a formação de duas linhas rígidas de quatro jogadores, perto da área. 

O Corinthians teve sucesso, mas também se esgotou. O time, quando recupera a bola, fica muito longe do outro gol.

Porém, o principal motivo do jogo pragmático e defensivo dos times brasileiros nas últimas décadas foi a incapacidade dos treinadores de unir os avanços da ciência, da estatística, do jogo programado e coletivo, com a inventividade, a improvisação e os delírios individualistas, alicerces do futebol brasileiro. Tiveram de fazer uma escolha. Preferiram a mediocridade.

O futebol precisa da ciência, da arte, da técnica, da tática, do jogo coletivo e individual, da prosa e da poesia.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que foi informado na legenda da foto, o jogador retratado é Gabriel Barbosa, e não Gabriel Jesus. O nome já foi corrigido.

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