O Corinthians fez duas excelentes contratações, a de Tiago Nunes, destaque entre os treinadores brasileiros, e a do meia Luan, apesar das incertezas técnicas e físicas. Vale o risco. Luan é o elo do meio para frente. Facilita para todos, embora jogadores como ele, que atuam como um meia de ligação, sejam cada vez mais abandonados pelos grandes times.
Liverpool e Flamengo não têm esse clássico meia. Gérson ou Diego atuam vindo de trás. São meio-campistas. Diego, na maior parte da carreira, foi um meia clássico ofensivo. Descobriu, com o técnico Jorge Jesus, seu melhor lugar em campo.
O São Paulo manteve Fernando Diniz, embora a equipe, sob seu comando, não tenha apresentado nada de diferente dos técnicos anteriores. Fernando Diniz quis ter mais segurança no início, para, depois, implantar seu estilo ou mudou alguns conceitos? Além disso, é necessário ter jogadores com as características ideais para usar certas estratégias. O Fluminense, com Fernando Diniz, trocava muitos passes curtos e ficava com a bola porque tinha, no meio-campo, três jogadores habilidosos e que gostavam da bola, Ganso, Daniel e Allan.
Diferentemente da maioria, penso que Daniel Alves atuou muito bem no meio-campo. A expectativa é que estava acima da realidade. Como disse Fernando Diniz, Daniel Alves é um jogador coletivo. Não vai resolver com jogadas individuais.
Santos e Palmeiras fizeram muito bem em não atender às delirantes exigências do esquisito Sampaoli. Ele é muito bom, mas acha que é o melhor técnico do mundo e que vai dirigir o melhor time do mundo. Dizem que o Atlético-MG, com enormes problemas financeiros, vai assumir a loucura de contratá-lo, além de outros ótimos jogadores que o técnico argentino vai pedir para serem contratados.
O Santos, sem Sampaoli e o ótimo zagueiro Gustavo Henrique, se enfraquece. Quem será o novo técnico?
O Palmeiras, se quiser se aproximar do Flamengo, precisa, no mínimo, de uns dois jogadores do nível de Dudu.
O Cruzeiro, agora na Série B, provavelmente com uma nova diretoria, terá de se reorganizar, dentro e fora de campo. O clube precisa de um gestor profissional, competente, sem nenhum vínculo pessoal e profissional com os dirigentes que saíram.
Vasco, Fluminense e Botafogo, com equipes modestas, terão chances apenas na Copa Sul-Americana e no Estadual, ainda mais se o Flamengo colocar o time reserva.
O Grêmio contratou o bom lateral Victor Ferraz, que joga dos dois lados. Não sei por qual razão não era o titular do Santos na lateral direita. Mas, se o Grêmio, como o Palmeiras, quiser evoluir, terá de contratar, no mínimo, um ótimo centroavante. Todos são fracos.
O Internacional foi ousado e trouxe o jovem técnico Eduardo Coudet, de 45 anos, que fez sucesso na Argentina. Há uns dois anos, vi o Rosario Central, dirigido por Coudet, jogar contra o Palmeiras, em São Paulo, pela Libertadores, e fiquei impressionado com o jogo coletivo da equipe. Ele é da turma dos loucos, organizados e passionais, como Jorge Jesus, Sampaoli, Pep Guardiola, Jürgen Klopp e poucos outros, que acreditam que a melhor maneira de vencer e de jogar bem é pressionar e tentar recuperar a bola no campo do adversário.
Espero que, em 2020, os técnicos brasileiros, mais cobrados e influenciados pelos trabalhos de Jorge Jesus e Sampaoli, saiam da zona de conforto, se reinventem e passem a valorizar não só o resultado, mas a qualidade do espetáculo. Não são apenas os técnicos. Todos nós, que trabalhamos no futebol, precisamos evoluir.
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