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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Clubes mudam estratégia em relação a contratações

Há uma tendência de fazer ajustes pontuais e usar a base

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Noto pelo comportamento de treinadores e dirigentes brasileiros que os grandes clubes começam a mudar em relação às contratações. São os efeitos das atuações de Jorge Jesus e de Sampaoli e também do medo de gastar demais, de ser irresponsável e repetir o que aconteceu com o Cruzeiro.

Em vez de aumentar demais o elenco, como era o habitual, com a justificativa de que são muitas partidas e competições, existe agora uma tendência de fazer contratações pontuais e de usar mais as categorias de base. É melhor e mais barato trazer um jogador muito bom do que três medíocres, cada vez mais valorizados.

No lugar de escalar todos os reservas, por causa de competições simultâneas, como fizeram vários clubes brasileiros (Grêmio, Cruzeiro e outros), é melhor poupar dois ou três jogadores diferentes a cada partida, como fez o Flamengo e fazem os grandes clubes europeus. Isso mantém o conjunto e a qualidade individual.

Contratações certeiras, como a de Bruno Henrique, viraram o modelo - Giuseppe Cacace - 17.dez.19/AFP

Corinthians e Palmeiras têm agido certo, ao liberar vários jogadores medianos e/ou decadentes. Juntos, custavam uma fortuna. Como as necessidades do Corinthians são muitas, o clube contratou bons jogadores, como Luan, Cantillo e Sidcley. Já o Palmeiras, por ter um bom time, não precisa se afobar para contratar, a não ser que seja mais um Dudu.

O Flamengo melhorou o elenco, com as contratações de Gustavo Henrique e Pedro Rocha, apesar de este ter tido péssimas atuações no Cruzeiro. O clube carioca tem faturado muito dinheiro com a venda de vários jovens talentosos. O último foi Reinier. Não dava para recusar. Era muito dinheiro. A situação do Cruzeiro é tão ruim que nem um jovem promissor o time tem para vender e ajudar a pagar as dívidas. Aliás, há muito tempo, o Cruzeiro não forma um jogador especial, do nível de seleção brasileira.

Com o sucesso de Jorge Jesus e de Sampaoli, quatro treinadores estrangeiros vão trabalhar em equipes da Série A. Isso é bom, porque eles têm conceitos diferentes, desde que não se ache que todo técnico estrangeiro é melhor que os brasileiros e que todos os técnicos portugueses têm ideias iguais às de Jorge Jesus. Jesualdo, novo treinador do Santos, é mais racional, pragmático.

O Inter trouxe um treinador aguerrido, ousado, o argentino Coudet, que tem ideias parecidas com as de Jorge Jesus, Sampaoli, Guardiola e Klopp. Já o Atlético contratou o pragmático Dudamel, que fez ótimo trabalho na Venezuela. Dudamel é do time de Jesualdo, Mourinho, Ancelotti, Mano Menezes e da maioria dos técnicos brasileiros e talvez também dos da Europa. Os vanguardistas são poucos.

O Brasil possui bons treinadores, jovens, que têm grande chance de evoluir, como Tiago Nunes, Rogério Ceni e Roger Machado.

O que é mais marcante em Jorge Jesus, a competência ou a vaidade? Por ser inquieto, explosivo, sem ter falsa modéstia e constrangimento para se autoelogiar, a vaidade se torna mais exuberante. Às vezes, parece arrogante. Já Renato Gaúcho é mais um vaidoso gozador, que tem muita seriedade para trabalhar e, ao mesmo tempo, diverte-se com a vida.

O confronto de vaidades chegou ao Flamengo, após tanto sucesso, com a saída surpreendente do gerente Paulo Pelaipe.

A vaidade é uma das características do ser humano. Às vezes discreta, como a minha. Somos todos vaidosos, uns mais que os outros. Gostamos e precisamos do reconhecimento e do aplauso do outro. É uma fraqueza dos seres humanos.

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