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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Falta mais um grande craque do meio para frente na seleção de Tite

Se estivesse na convocação, perguntaria se ele ainda sonha com a Bélgica

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Li um ótimo artigo de Teodoro Rennó Assunção, professor de literatura grega antiga, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, "Breve nota sobre o tempo trágico do futebol". Resumindo, ele escreve sobre as inúmeras possibilidades que costumam ocorrer durante um jogo, uma representação da vida humana. Essa indefinição, indeterminação, permanece aberta e somente se estabiliza com o apito final ou a morte.

Assim como o acaso costuma ser tratado no futebol, principalmente pelos operatórios, racionais, como algo insignificante, as previsões políticas e econômicas geralmente não acontecem como esperado, porque, quase sempre, existem novos fatos, ocasionais, diferentes dos anteriores, como o corona, o vírus do momento, a bola da vez.

A sociedade do espetáculo, os acasos, as incertezas sobre o resultado das partidas e mesmo as atuações das equipes influenciam, mudam as análises, que se tornam diferentes a cada partida, para cima ou para baixo. Jogadores, treinadores e times são vistos como heróis, quando ganham, e vilões, quando perdem, excelentes ou péssimos. É tudo ou nada.

Dois técnicos de futebol se cumprimentam
Eduardo Coudet (esq.), técnico do Internacional, e Ariel Holan, técnico do Universidad Católica - Edison Vara - 3.mar.2020/Reuters

A desconfiança e as duras críticas às equipes brasileiras, antes de começar a fase de grupos da Libertadores, ainda mais que os investimentos são, com frequência, infinitamente superiores aos dos adversários, transformaram-se em grandes elogios, após a primeira rodada, com seis vitórias e apenas uma derrota, a do São Paulo, que não foi surpreendente, por causa da enorme influência da altitude.

Dos times brasileiros, a vitória mais contundente, com nítida superioridade, foi a do Inter, por 3 a 0, em casa, sobre o Universidad Católica, do Chile. O técnico Coudet aceitou as críticas e mudou a equipe, ao trocar o volante Lindoso por mais um atacante, Thiago Galhardo. Com isso, o volante Musto, que estava jogando como um terceiro zagueiro, passou a ser o volante centralizado. Guerrero, que estava isolado, teve dois companheiros e foi o destaque da equipe.

Além disso, a equipe pressionou desde o início, em todo o campo, no estilo explosivo de Coudet, como atuavam as equipes dirigidas pelo técnico, antes de ele assumir o Inter.

Falta um De Bruyne

Gostei da convocação de Tite. Após a Copa de 2018, o que já acontecia passou a ser marcante, a presença de vários bons jogadores, de nível técnico parecido, em quase todas as posições. Falta, pelo menos, mais um grande craque do meio para frente.

Prefiro, em vez de dois meias de ligação (Everton Ribeiro e Coutinho), um meio-campista que jogue de uma intermediária à outra, como Gérson. Se Rodrigo Caio tiver boas condições, acho também que seria melhor que Militão. Se, em vez de 24, fossem chamados 23, como é habitual, quem sairia? Não sei. Teria de ser um dos atacantes convocados, Bruno Henrique, Gabigol, Richarlison e Everton. Daniel Alves tem jogado muito bem no meio-campo, mas a seleção precisa mais dele na lateral. Não há um bom reserva.

Desde o Mundial, Tite não define bem os posicionamentos de Coutinho, mais recuado, formando um trio no meio-campo, ou mais adiantado, como um meia ofensivo, e o de Neymar, pela esquerda ou mais centralizado, na posição de Coutinho.

Se eu estivesse presente na convocação, perguntaria a Tite se ele ainda sonha com a Bélgica. Todas as suas respostas voltam à Bélgica. Mais importante que um psicanalista para ajudá-lo seria De Bruyne no time.

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