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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O mundo e o futebol não serão os mesmos quando terminar a pandemia

Dirigentes terão de refletir e analisar tudo o que ocorreu para fazer mudanças de acordo com nova realidade

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O mundo parou. Jamais imaginaria essa tragédia. Vai passar. Temos de ser fortes e solidários. A ansiedade leve, moderada, estimula as pessoas a ficarem atentas, a se prepararem para enfrentar o perigo. Mas, se a ansiedade for excessiva, leva ao pânico e à doença mental.

O distanciamento social não é isolamento. As pessoas podem se comunicar por telefone e pela internet, um vendo o outro, como se estivessem juntas.

Como passo, normalmente, a maior parte do tempo em casa, lendo, escrevendo, assistindo aos noticiários, aos programas esportivos e aos jogos de futebol, não mudou tanto minha rotina.

De vez em quando, caminho pelas ruas vazias, para buscar minhas necessidades essenciais. Preciso seguir as recomendações dos especialistas. Estou bem de saúde, não estou gripado, mas sou idoso. Corro mais riscos.

Procuro saber de todos os fatos, mas o noticiário excessivo é massacrante. Tento fazer algo novo, ler, reler, assistir a novos filmes. O duro é ficar sem ver uma partida de futebol ao vivo, mesmo que seja um jogo qualquer, uma pelada.

Estou relendo o "Livro do Desassossego", escrito por Bernardo Soares, um dos 127 heterônimos de Fernando Pessoa: "Toda a vida humana é um movimento na penumbra. Vivemos num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser. Somos qualquer coisa que se passa num intervalo de um espetáculo; por vezes, por certas portas, entrevemos o que talvez não seja senão cenário."

O mundo e o futebol não serão os mesmos quando terminar a pandemia. Dirigentes terão de refletir e analisar tudo o que ocorreu, para fazer mudanças, de acordo com a nova realidade. Quem sabe o mundo e o futebol melhorem e o ser humano se transforme, evolua, mude de hábitos, comportamentos, e se torne mais solidário, autêntico e menos tendencioso.

Preciso falar de futebol. Concordo com Juca Kfouri, que essa é uma boa chance para se mudar o calendário do Brasil, que passaria a seguir o modelo europeu. Se não houver futebol no primeiro semestre, o Campeonato Brasileiro poderia começar em agosto e terminar em maio. Na Argentina também é assim.

Na coluna anterior, escrevi que, se Marcelo voltasse a jogar no Brasil, seria destaque no meio-campo, pela esquerda, como é Daniel Alves pela direita. Zidane já disse que, se o Real Madrid não tivesse muitos craques no meio-campo, ele escalaria Marcelo como meio-campista.

Receio que, na próxima Copa, por causa da idade ou pela condição técnica, o Brasil não conte com Marcelo, Daniel Alves e Thiago Silva. Há bons jogadores para substituí-los, mas nenhum à altura do que jogam ou jogaram os três. Marcelo foi o melhor lateral esquerdo do mundo na última década. Daniel Alves competiu, na lateral direita, com outro craque, o alemão Lahm. Thiago Silva está entre os grandes zagueiros do planeta.

Na última convocação do técnico Tite, havia, em todas as posições, muito bem definidas, dois jogadores, um titular e um reserva. Tudo certinho, programado, previsível. São dois volantes mais recuados (Casemiro e Fabinho), dois volantes que avançam mais, chamados de segundos volantes (Arthur e Bruno Guimarães), e dois meias de ligação (Philippe Coutinho e Everton Ribeiro).

Os melhores times e técnicos do mundo são os que têm mais conhecimento, que são mais organizados, mas que surpreendem, inovam, em momentos certos.

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