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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Bayern é um time do passado na prancheta, mas do futuro no campo

Equipe alemã tem jogo intenso, coletivo, compacto e com ótimos jogadores

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Terminei a coluna anterior com a afirmação de que marcar bem também é fundamental, o que não significa priorizar o sistema defensivo.

A maneira de defender mais frequente e eficiente no mundo ainda é a com duas linhas de quatro, estratégia iniciada pelos ingleses na Copa de 1966. Independentemente do desenho tático, são oito jogadores recuados quando o time perde a bola. Há sempre um jogador de meio-campo na proteção de um defensor.

Alguns treinadores preferem ter uma linha de cinco e outra de três à frente, ou o contrário. São também oito jogadores. Porém, fica mais desequilibrado. Existem ainda os que escalam uma linha de cinco e outra de quatro, ou o inverso. Vira retranca, pois só fica um jogador no ataque.

Alguns treinadores não abrem mão das duas linhas de quatro, durante toda a partida e em todos os jogos, como Simeone, Ancelotti e um enorme número de seguidores. O Corinthians foi campeão por vários anos jogando dessa maneira, com Mano Menezes, Tite e Carille. A maioria dos times brasileiros atua dessa forma.

Alguns treinadores, como Guardiola, Klopp, Sampaoli, Jorge Jesus e poucos seguidores, como Coudet, do Inter, e os técnicos da Atalanta e do Leipzig, raramente marcam com duas linhas de quatro. Preferem pressionar, recuperar a bola no campo adversário, como fez o Atlético-MG contra o Corinthians desde o início do jogo, na vitória por 3 a 2.

Os técnicos que pressionam sabem dos riscos e acreditam que essa é a maneira eficiente de marcar, por não deixar a bola com o adversário. Para evitar os espaços deixados nas costas dos defensores, que jogam adiantados, precisam de zagueiros e de goleiros rápidos.

Atalanta e Leipzig foram muito melhores, coletivamente, que PSG e Atlético de Madrid. A Atalanta só perdeu porque, do outro lado, havia Neymar e Mbappé.

​Os dois foram magistrais, embora Neymar tenha finalizado mal duas vezes, o que é surpreendente. Neymar e Mbappé se completam. Neymar atuou pelo meio, porém mais perto da área adversária, como um ponta de lança. Muitas vezes, joga recuado, voltando para receber a bola no meio-campo, como um meia armador. Além de ficar longe do gol, corre o risco de driblar, perder a bola e deixar a defesa desprotegida.

Há também os treinadores que alternam, em um mesmo jogo, as duas estratégias de marcação, a mais recuada e a mais adiantada, como faz o Grêmio e fizeram também Atalanta e Leipzig. Já o PSG e a maioria dos times brasileiros não fazem uma coisa nem outra. Não se definem.

A estratégia de jogo repete a vida. Arriscar ou recuar? É preciso definir uma rota, que pode ser alterada durante ou entre uma partida e outra. Cada um faz sua história.

O Bayern também está na semifinal. Com cinco minutos de jogo, dava para prever que haveria muitos gols, dos dois lados, pois as duas equipes marcavam muito à frente e deixavam grandes espaços nas costas dos defensores.

Aos poucos, o Bayern tomou conta do jogo. Recuperava a bola, com facilidade, no campo do Barcelona, e chegava ao gol. Todo ataque era uma chance de marcar. No primeiro tempo, já estava 4 a 1. Terminou 8 a 2. Incrível! Histórico! É a associação do jogo intenso, coletivo, compacto e com ótimos jogadores do Bayern contra um Barcelona ultrapassado, desfigurado. É o novo futebol.

Na prancheta, o Bayern é um time do passado, com quatro atacantes (dois pelo centro e dois pelas pontas). No campo, é o time do futuro.

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