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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Clássico da abertura do Brasileiro tem dois técnicos diferenciados

Flamengo, de Domènec Torrent, enfrenta o Atlético-MG, de Sampaoli

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Durante a primeira partida entre Corinthians e Palmeiras, o comentarista Maurício Noriega, do SporTV, disse que parecia um confronto de rúgbi. A bola só podia ser passada para trás. Antes do fim da pelada, o sereno Ricardinho não aguentou e desabafou: “Termine esse jogo”. Logo após, no Linha de Passe, da ESPN Brasil, Mauro Cézar resumiu a partida: “Horrorosa”.

O segundo jogo foi menos ruim que o primeiro. Continuaram os muitos erros técnicos. Mas, para contrapor, o gol do Palmeiras saiu de uma bela cabeceada de Luís Adriano, um puro gesto técnico. No fim da partida, Jô empatou de pênalti. Na disputa de pênaltis, deu Palmeiras, com a última cobrança de Patrick de Paula, o melhor do confronto, uma certeza. Os dois times terão de evoluir muito para ganharem o Brasileiro.

Felizmente, aumentou o número de torcedores, de jornalistas esportivos e até de treinadores brasileiros –ainda são poucos– que não se contentam em gostar e analisar futebol apenas pelos resultados. Querem muito mais, querem ver bom futebol.

O atacante Luiz Adriano, do Palmeiras, tenta proteger a bola do lateral esquerdo Carlos, do Corinthians; times não fizeram o suficiente para tirar o zero do placar em Itaquera - Adriano Vizoni/Folhapress

Noto que, durante os jogos, existe, geralmente, uma excessiva valorização do resultado e da conduta dos treinadores, como se tudo o que acontecesse de certo ou de errado fosse consequência da estratégia dos técnicos. Alguns analistas ficam orgulhosos de serem capazes de decifrar o que pretendem fazer os “professores”.

A técnica individual, a execução dos fundamentos da posição, como o passe, o drible, a finalização, o desarme, o cruzamento, a cobrança de faltas e a lucidez para fazer as escolhas são tão ou mais importantes que a estratégia e o desenho na prancheta.

Independentemente do estilo, não há sucesso sem ótima técnica. É preciso aprendê-la, desde as categorias de base. A técnica é fundamental em qualquer atividade, até para as coisas rotineiras.

Existe uma deficiência técnica, em um grande número de jogadores brasileiros, das principais equipes, especialmente no passe, desde a defesa, incluindo o goleiro, principalmente nos de meio-campo. No Brasil, é muito mais comum endeusar o drible e a velocidade do que o passe preciso e a lucidez para fazer as coisas certas. O passe e o drible são fundamentais.

No momento em que o número de infectados chega a três milhões de pessoas e o de mortos a 100 mil, começam a Série A e a Série B do Brasileiro, com alguns clubes fora da primeira rodada, porque ainda não terminaram os estaduais.

O clássico da rodada é Flamengo x Atlético-MG, no Maracanã, sem público, dois times dirigidos por treinadores que saem fora da casinha, do padrão dos técnicos brasileiros, o espanhol Domènec Torrent, auxiliar de Guardiola por muitos anos, e o argentino Sampaoli.

Torrent vai repetir, pelo menos no início, as estratégias e as escalações de Jorge Jesus ou já vai introduzir as ideias do mestre Guardiola? Ele deve ter também suas próprias preferências.

A principal diferença entre Guardiola e Jorge Jesus é que o técnico do Manchester City gosta de pontas abertos, para obrigar o lateral a segui-lo, deixando espaços entre ele e o zagueiro, por onde se infiltra o meia ou o lateral de cada lado. Os dois, além de Sampaoli, gostam de pressionar para recuperar a bola no campo do adversário, de triangulações pelos lados e de ter o domínio da bola e do jogo.

O espanhol Domènec Torrent Font comanda treino do Flamengo no CT Ninho do Urubu
O espanhol Domènec Torrent Font comanda treino do Flamengo no CT Ninho do Urubu - Flamengo/Twitter

O Atlético-MG fez boas contratações de jogadores que podem evoluir, como o venezuelano Savarino, Marrony, ex-Vasco, Keno e Junior Alonso, entre outros. Gosto também do volante Allan, ex-Fluminense, pelo bom passe, e de Nathan, que tem feito muitos gols.

O Brasileiro da epidemia e sem torcida será diferente. Isso muda os prognósticos?

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