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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Treinadores brasileiros precisam tirar a máscara da soberba

Conceitos no país são oito ou oitenta quando se trata de desempenho e resultado

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As estratégias e os conceitos de jogo no Brasil são oito ou oitenta, tudo ou nada, desempenho ou resultado, ataque ou defesa, jogar bonito ou vencer, como disse Luxemburgo.

Durante décadas, predominou no Brasil a ideia medíocre de que todo time precisaria ter o volante brucutu ou, às vezes, três que protegessem os zagueiros e os laterais, além de tocar a bola para o lado e não sair de trás. A saída de bola da defesa para o ataque era feita por chutões e por avanços dos laterais.

Recentemente, alguns técnicos e comentaristas passaram a defender o oposto, que time bom é o que tem um volante que avança e que até faz gols. Esquecem que as melhores equipes do mundo possuem um volante centralizado, marcador, que protege a defesa e que inicia as jogadas ofensivas com ótimos passes. São marcadores e construtores, como Casemiro, Busquets, Kimmich, Thiago Alcântara, Kanté e outros.

Fernando Diniz sempre escalou o São Paulo com os meio-campistas Daniel Alves e Tchê Tchê, além do meia ofensivo Igor Gomes. Daniel Alves e Tchê Tchê saem da defesa trocando passes, avançam e, quando o time perde a bola, deixam enormes espaços nas costas, ainda mais que os zagueiros jogam muito atrás.

Nos últimos dois jogos, apesar da limitação técnica do volante Luan, atrás de Daniel Alves e de Tchê Tchê, a defesa ficou muito mais protegida, embora as estatísticas mostrem que o São Paulo, durante o campeonato, foi a equipe que menos sofreu finalizações dos adversários. Parece contraditório.

As estatísticas são importantes, mas os números não podem ser tão prepotentes quantos os humanos.

Se o São Paulo vencer o Fortaleza, pela Copa do Brasil, aumentará a confiança no técnico e no time. Se não vencer, Fernando Diniz voltará a ser massacrado, mesmo com a equipe na parte de cima da tabela do Brasileiro. Se não fosse Raí, Fernando Diniz já teria sido demitido.

O técnico Fernando Diniz, do São Paulo, durante jogo contra o Coritiba
O técnico Fernando Diniz, do São Paulo, durante jogo contra o Coritiba - Rodolfo Buhrer - 4.out.20/Reuters

Os técnicos brasileiros precisam evoluir. No Palmeiras, o problema não é trocar muitos jogadores do meio para frente nem o elenco. As deficiências são os enormes espaços deixados entre os setores, o excesso de bolas longas e de chutões, a falta de pressão para recuperar a bola no campo do adversário, a pouca troca de passes e de triangulações e o pouco domínio do jogo.

Sampaoli, excelente treinador, não faz nenhuma mágica. O Atlético tem uma estratégia muito parecida com a do Manchester City, dirigida por Guardiola. Joga com apenas um volante, um lateral de cada lado, que fecha e forma um trio de armação com o volante, dois meias ofensivos que atuam próximos ao centroavante, já que o time, geralmente, recupera a bola no campo do adversário, e ainda dois pontas abertos.

A equipe ataca pelo meio e, rapidamente, muda o jogo para o lado, para o ponta receber livre ou contra apenas um marcador. Em algumas partidas, Sampaoli troca o meia por mais um volante ou por um terceiro zagueiro, para reforçar a defesa.

Os treinadores brasileiros, para aprenderem, precisam tirar a máscara da soberba e assistir, com atenção, aos jogos dos grandes times europeus.

Futebol na prancheta

O Cruzeiro possui o elenco fraco até para a Série B ou os jogadores, impotentes, paralisados, não conseguem lidar com a pressão e a responsabilidade de trazer um grande clube para a Série A?

Devem ser as duas coisas e mais o futebol sem alma, burocrático, jogado na prancheta, sob o comando de Enderson Moreira e Ney Franco. O novo técnico precisa fazer algo novo, surpreendente.

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