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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Times e jogadores têm comportamentos variados quando atuam sem público

Algumas pessoas costumam repetir, automaticamente, sem pensar, atitudes anteriores

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Uma antiga constatação, no Brasil e em todo o mundo, é de que os times que jogam em casa vencem muito mais que os visitantes, por causa da influência do público, por estarem em um ambiente familiar e por vários outros detalhes técnicos e psicológicos. Com a ausência de torcedores, diminuiu bastante essa vantagem, mas ela ainda predomina.

No Brasileiro, o Atlético-MG é o melhor time em casa e apenas o 12º colocado fora, com 35% de aproveitamento. Já o Flamengo, durante a competição, sentiu mais a falta do entusiasmo e do carinho de sua torcida. A equipe está reagindo na reta final, se acostumando com a ausência do torcedor, e, junto com o Inter, é um dos fortes candidatos ao título.

Jogadores do Atlético-MG comemoram gol no Mineirão
Jogadores do Atlético-MG comemoram gol no Mineirão - Washington Alves - 17.jan.21/Reuters

A dúvida no Flamengo não é se Gabigol e Pedro podem jogar juntos. Claro que podem. A pergunta é se os dois e mais Bruno Henrique devem ser titulares. Não deveriam, a não ser em momentos muito especiais. Repito, o espaço é pequeno para os três. Neste domingo (7), Flamengo tem um jogo bastante difícil, contra o Bragantino, que gosta, como o time rubro-negro, de ter o domínio da bola e do jogo.

Assim como existem pessoas que reagem de forma diferente à mesma doença, os times e os jogadores têm comportamentos variados, quando atuam sem público. Parece haver solidificado entre os jogadores do Atlético que, em casa, o time ganha quase sempre e, fora, os atletas ficam inibidos e carentes do apoio da torcida. Algumas pessoas costumam repetir, automaticamente, sem pensar, atitudes anteriores. Somos humanos e também robôs, de proporções variadas.

O Palmeiras não é um time repetitivo, automático, que só tem uma maneira de jogar. Abel Ferreira é um treinador criativo, que sabe enxergar os detalhes emocionais do momento.

Também neste domingo, o Palmeiras enfrenta o Tigres, do México. É um jogo difícil. Depois de 2012, quando o Corinthians ganhou o título mundial, os europeus conquistaram as sete edições seguintes. A partir de 2001, das 19 competições, a Europa ganhou 15. Nos últimos dez confrontos de sul-americanos nas semifinais, contra times teoricamente inferiores, houve quatro eliminações. Não somos tão favoritos nas semifinais, como muitos pensam.

As estatísticas invadiram o futebol. A memória das informações e a afetiva são fundamentais na vida. Como o Google possui uma memória de elefante, só inferior à de Paulo Vinicius Coelho, será que, com o tempo, vai diminuir bastante, mofar até desaparecer a memória biológica? Será que no futuro as crianças vão nascer sem apêndice? Não serve para nada e ainda pode infeccionar.

Brevemente, os comentaristas serão dispensados, e as máquinas serão as analistas do jogo. Além da vantagem de terem muito mais informações, cometerão menos erros e não sofrerão as influências dos humores do momento. Desconfio que não tenha o gene da tecnologia. Não consigo entender bem o mundo digital nem ele me compreende. Fico dividido entre um e outro. Ser ou não ser uma máquina, eis a questão. Se eu não tivesse ajuda de outras pessoas, estaria perdido e/ou expulso do mundo.

Está evidente que o ser humano já é refém da máquina. Não há volta, para o bem e para o mal. Esse não é o problema, e sim se identificar tanto com ela. É o que ocorre quando alguém cria um forte personagem, se apaixona por ele, e os dois passam a ser a mesma pessoa.

Quem vai pensar mais rápido, o homem ou a máquina? A inteligência artificial já existe. Dizem que ela é muito mais interessante que o ser humano.

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