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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Guardiola e Neymar querem muito se consagrar na Europa fora do Barcelona

Veremos alguns dos melhores jogadores do mundo em PSG x Manchester City

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Na partida entre Chelsea e Real Madrid, nesta terça (27), pela semifinal da Liga dos Campeões, os dois times jogaram com três zagueiros, o que tem sido frequente na Europa. No Brasil, isso também tem ocorrido, como no São Paulo e às vezes no Palmeiras.

Foi uma partida sem brilho, pior que algumas entre grandes equipes brasileiras. O Chelsea, coletivamente, foi superior. Cinco jogadores brasileiros estiveram presentes. Quatro pelo Real Madrid (Militão, Casemiro, Vinicius Junior e Marcelo) e mais Thiago Silva pelo Chelsea, além de Jorginho, naturalizado, que joga pela seleção italiana.

Thiago Silva continua em forma. Ele é tão conciso, minimalista, extremamente técnico, preciso, que, durante todo um campeonato, não cai no gramado nem suja o calção. Um craque. Militão também atuou muito bem.

O volante francês Kanté, do Chelsea, foi o melhor do jogo. Com o tempo, percebi que ele não apenas corre todo o campo e rouba dezenas de bolas. Ele é excelente, muito melhor do que eu pensava. Já o centroavante alemão Timo Werner, muito elogiado, é pior do que eu achava. Corre muito e joga pouco.

PSG e Manchester City se confrontam nesta quarta (28) pela outra semifinal. Veremos alguns dos melhores jogadores do mundo, como Neymar, Mbappé e De Bruyne.

Imagino que o PSG, dirigido pelo argentino Pochettino, mesmo em casa, repita a estratégia usada na eliminação do Bayern, de jogar com mais segurança, colocar duas linhas de quatro próximas e recuadas e utilizar bastante o contra-ataque, com Mbappé e Neymar.

Já o Manchester City, como sempre faz, vai tentar trocar muitos passes, ter o domínio da bola e do jogo e atuar a maior parte do tempo no campo do adversário.

O City, campeão da Copa da Liga Inglesa e quase campeão inglês, evoluiu neste ano, pois, além de ser bastante ofensivo, é um time que sofre pouquíssimos gols. Esse é o futuro do futebol, sem ter de escolher uma postura ou outra.

É impossível colocar em números o desenho tático do Manchester City, pois os jogadores se movimentam bastante, contrariando o lugar-comum de que é um time posicional.

No City, até o goleiro, o brasileiro Ederson, dá passes longos para gol. O lateral esquerdo joga na lateral e no meio-campo, o direito é lateral e zagueiro. O volante, centralizado, inicia as jogadas entre os dois zagueiros, sem ser um terceiro zagueiro, marca e avança. Os dois meias são armadores e atacantes, próximos ao centroavante, que, às vezes, é um meia avançado. Os dois pontas atuam abertos, mas entram pelo meio para dar passes decisivos e para finalizar.

Guardiola em meio a jogadores do City durante comemoração de gol na Liga dos Campeões
Guardiola em meio a jogadores do City durante comemoração de gol na Liga dos Campeões - Wolfgang Rattay - 14.abr.21/AFP

Está cada dia mais evidente, nas grandes equipes, que o sistema tático, o desenho na prancheta, não é um bom parâmetro para analisar a maneira de jogar. O desenho tático serve de referência somente antes de a bola rolar, quando os jogadores estão perfilados em campo. Quando começa o jogo, os atletas não param de correr, para desespero de alguns treinadores e de alguns analistas.

Guardiola, quando era técnico do Bayern, foi eliminado três vezes seguidas da Liga dos Campeões, uma para o Real Madrid, com Cristiano Ronaldo, uma para o Barcelona, com Messi, e outra para o Atlético de Madrid. O time avançava e deixava muitos espaços para os craques. Pode ser que essas imagens estejam na mente de Guardiola e que ele use mais um zagueiro ou um lateral direito como um terceiro zagueiro, para marcar Mbappé e Neymar. Um na sobra.

Guardiola e Neymar querem muito ganhar esse título, para ficarem ainda mais eternizados na história e para rebaterem as críticas de que os dois só foram campeões da Europa jogando pelo Barcelona, em ocasiões diferentes, mas com dois timaços, ambos com Messi em campo. Guardiola é um treinador obsessivo, pragmático, inventivo e que executa bem o que foi planejado. Não basta saber. É preciso saber fazer.

Gota d’água

Ariel Holan não aguentou a péssima situação financeira do Santos, com atrasos de salários de funcionários, jogadores e comissão técnica e sem condições de reforçar o modesto elenco para ser campeão. Não aguentou também a grosseria e a prepotência de Marinho, que não o cumprimentou ao ser substituído. Pior, a gota d’água, torcedores marginais soltaram rojões em frente à casa do treinador, após uma derrota.

Holan fez bem em pedir demissão. O futebol brasileiro não pode conviver com essa violência, frequente em quase todos os clubes. Mesmo assim, muitos atenuaram o fato e criticaram o pedido de demissão. É a banalização, a normalização do absurdo, mais uma praga que assola o país.

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