Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Não acredito em mecenas no futebol; a conta vai chegar

Times com grandes dívidas, mesmo bastante populares, terão muito mais dificuldades de se reerguer

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Caríssimos infectologistas, epidemiologistas e microbiologistas, profissionais importantes na luta contra a pandemia e no esclarecimento da doença, será possível surgir uma megavariante inofensiva, benigna, que engolisse todas as variantes agressivas e malignas? É apenas uma divagação de um médico aposentado, idoso, assustado e preocupado com a evolução dessa tragédia.

Continuam alguns campeonatos, como o Mineiro. O Cruzeiro, com uma dívida impagável, de mais de R$ 1 bilhão, ainda precisa contratar reforços para voltar à Série A. A esperança seria surgir alguns meninos bons de bola. Para piorar, os gastos mensais do time devem ser os mais altos da Série B. Alguns jogadores mais conhecidos, que já atuaram na primeira divisão, sem acrescentar nada em campo, ganham como se estivessem em um time grande da primeira divisão.

Por outro lado, a equipe tem dado sinais de evolução coletiva. Quem sabe melhore mais e forme um bom conjunto, como é o América-MG? A diferença é que o América é um clube estável financeiramente, que quer melhorar aos poucos, enquanto o Cruzeiro tem pressa. Alguns jovens do time parecem assustados com a responsabilidade de recuperar o prestígio do clube.

O Atlético-MG, com as novas contratações, especialmente a de Nacho Fernández, subiu de patamar. Nacho Fernández é indefinível no posicionamento em campo. Mistura lucidez com mobilidade e velocidade. Do meio para frente, está em todas as partes do campo. Quando é necessário, volta para marcar.

A formação do Atlético, com um volante centralizado (Allan) e um meia de cada lado (Nacho e outro), além de três no ataque, é a mais usada pelas melhores equipes do mundo. A formação do Flamengo e do Bayern, com dois meio-campistas, é uma exceção, que também funciona bem. O que cada vez menos se adota é a formação com dois volantes marcadores e em linha e um meia de ligação, com a responsabilidade da armação de todas as jogadas, ainda a maneira mais frequente de se jogar no Brasil.

Jogadores com camisa alvinegra se abraçam perto da bandeira de escanteio
Jogadores do Atlético-MG comemoram gol contra o América-MG no Mineirão, em jogo do Estadual - Pedro Souza - 4.abr.21/Atlético

Por outro lado, a dívida do Atlético é assustadora, também em torno de R$ 1 bilhão. Os dirigentes dizem que o clube tem ativos e jogadores valorizados e que terá mais condições de ganhar títulos e de arrecadar mais, ainda mais com o novo estádio. Tudo é incerto.

Não acredito em mecenas. Os investidores, mesmo sendo apaixonados pelo clube, mesmo sem pressa para receber o dinheiro de volta e mesmo sem cobrar altos juros, não vão querer jogar dinheiro fora. A conta vai chegar.

O futebol, o Brasil e o mundo devem mudar após a pandemia. Quase todos ficarão mais pobres, e haverá novas regras. Times com grandes dívidas, mesmo bastante populares, como o Corinthians, terão muito mais dificuldades de se reerguer.

O mundo deve mudar. O ex-presidente da Colômbia Juan Manuel Santos, Prêmio Nobel da Paz pelos acordos feitos com as Farc, disse, em uma entrevista à jornalista Sylvia Colombo, da Folha, que, após a pandemia, vão aumentar os protestos e as confusões na América Latina, um continente propício ao caudilhismo e a populismos demagógicos.

Após a Segunda Guerra Mundial, quando houve também um grande número de mortes, aumentou o misticismo. Será que agora, de maneira diferente, diante de tantas mortes, as pessoas vão reconhecer suas insignificâncias e fragilidades? Para o pensador Freud, a aceitação da transitoriedade, da finitude, e a perda da ilusão da eternidade são fatos positivos para melhorar a existência humana.

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