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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Atacar e defender bem, em uma mesma partida, é a obra-prima do futebol

Um time, para ganhar, não precisa optar pelo utilitarismo ou romantismo e descartar o outro

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Um leitor, que gosta e entende de futebol, estava horrorizado com a retranca do Palmeiras na vitória por 1 a 0 sobre o Independiente del Valle, em Quito. Para ele, colocar oito, depois nove jogadores colados à grande área, sem avançar, dando chutões quando recuperava a bola contra um time inferior, é uma afronta ao futebol brasileiro e uma das razões do 7 a 1 e de outros fracassos.

Por outro lado, a maioria das opiniões que escutei após o jogo foi de exaltação ao eficiente esquema defensivo armado pelo Palmeiras, importante para enfrentar a altitude, ainda mais que o Del Valle não perdia há 23 jogos em casa pela Libertadores, além de ter vencido o Flamengo por 5 a 0.

É preciso escutar os dois lados. Não há dúvida que o Palmeiras se organizou muito bem na defesa, como fazem, com frequência, muitos times inferiores contra outros superiores. A estratégia não teve nenhuma novidade tática, mas precisava de tanto?

Raphael Veiga comemora gol contra o Independiente del Valle (EQU) durante partida pela Libertadores
Raphael Veiga comemora gol contra o Independiente del Valle (EQU) durante partida pela Libertadores - Franklin Jacome - 11.mai.21/AFP

Se duas bolas, das milhares cruzadas na área do time brasileiro, por circunstâncias, por detalhes, redundassem em gols, as análises seriam opostas, que o Palmeiras teria recuado demais e facilitado a derrota.

O Palmeiras joga bem no contra-ataque, pois aproveita a velocidade e a habilidade de Rony, que conta com a ajuda importante de Luiz Adriano, um centroavante lúcido, de toques e passes precisos e que também faz gols.

Após a partida, voltaram as discussões sobre utilitarismo e romantismo, como se um time, para ganhar, tivesse que optar por um ou por outro. Abel Ferreira disse, com razão, que defender bem é uma arte.

Porém, atacar bem é uma arte mais prazerosa. Já atacar e defender bem, em uma mesma partida, é a obra-prima do futebol.

Abel é discípulo de Mourinho, treinador pragmático, que só pensa em vencer. Guardiola também quer vencer todos os jogos. A diferença é que acredita que a melhor maneira de ganhar é ter o domínio da bola e do jogo, atacar e defender bem. Mais importante ainda que a estratégia é executar bem o que foi planejado.

Abel falou que foi sua primeira experiência na altitude. Ele precisa, agora, jogar em La Paz, a 3.600 metros de altitude (Quito fica a 2.500 metros). São situações bem diferentes. Abel disse ainda que o planejamento foi feito junto com os atletas. Isso merece aplausos. É preciso saber escutar, sem radicalismos, sem vergonha de aprender.

Nos anos 1960, em La Paz, o Cruzeiro ganhou da seleção da Bolívia, por 2 a 0, sem fazer retranca. Ficávamos com a bola, até chegar o momento certo de tentar o gol. Na chegada ao hotel, antes da partida, o massagista Nocaute Jack, campeão de luta livre, quis mostrar que a altitude era um problema apenas psicológico. Colocou uma sacola de material esportivo nas costas e subiu pelas escadas. Quando chegou ao primeiro andar, desmaiou.

Melancólico

Foi uma irresponsabilidade, uma vergonha, a realização, pela Conmebol, da partida entre América de Cali e Atlético, com cinco interrupções e com os atletas escutando o barulho das bombas e respirando o gás lacrimogêneo, por causa do tumulto em torno do estádio. Os clubes, os técnicos e os atletas não deveriam ter concordado com tamanho absurdo.

Comparações

Se eu fosse Tite, pelas características dos jogadores, experimentaria o ataque como joga o Liverpool, com Firmino pelo centro, Gabigol, da direita para o meio, para finalizar, como faz no Flamengo e como joga Salah, além de Neymar, do jeito que mais gosta e sabe, da esquerda para o meio, como Mané.

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