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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O futebol que se joga no Brasil tem melhorado aos poucos

Apesar da melhora, há ainda muitos vícios, clichês, difíceis de serem alterados

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No jogo e na vida, quase tão importante quanto os fatos são as coisas não ditas nem calculadas. O jogo tem mil possibilidades, conexões entre o explícito e o que não está claro, entre o que está por fora e o que está por dentro. De repente, o que parecia seguro se transforma, por detalhes inesperados, e muda a história. Evidentemente, é essencial e decisivo planejar e executar bem.

Posso dizer, com convicção, pelo que vejo e deduzo, que o futebol que se joga no Brasil tem melhorado aos poucos, no individual e no coletivo. Porém, muito menos do que gostaria. Há ainda muitos vícios, clichês, difíceis de serem alterados, apesar de os técnicos estudiosos verem, todos os dias, dezenas de partidas das melhores equipes do mundo.

Como consequência do 7 a 1, de outros fracassos e da presença de novos treinadores, jovens e experientes, com novas ideias, temos evoluído. Vários chegaram nos últimos anos, como Jorge Jesus, Sampaoli, Abel Ferreira, Crespo, Coudet, Miguel Ángel Ramírez (ainda em adaptação), além de outros brasileiros, como Rogério Ceni, Roger Machado, Fernando Diniz e alguns mais experientes, como Cuca.

O técnico Abel Ferreira chegou ao Palmeiras em novembro do ano passado e já tem dois títulos
O técnico Abel Ferreira chegou ao Palmeiras em novembro do ano passado e já tem dois títulos - Cesar Greco - 12.mai.2021/Palmeiras

Anos atrás não se via no Brasil marcação com vários jogadores na saída de bola do goleiro e pressão em todo o campo para tentar recuperar a bola. Agora, isso tem sido cada vez mais frequente. Existem hoje zagueiros e até goleiros com bom passe, o jogo está mais intenso, com menos chutões e cruzamentos para a área. Tudo isso precisa evoluir, mas os espaços entre os setores continuam grandes, com os zagueiros colados à grande área, e vários outros senões.

Obviamente, cada partida tem sua história, suas particularidades técnicas, táticas e emocionais. É fundamental ter mais jogadores de qualidade individual. É animadora a presença de vários jovens bons de bola nas equipes brasileiras, especialmente em alguns clubes, como Palmeiras, Santos, Fluminense, Grêmio e Flamengo.

Temos de valorizar mais jogadores de outras posições, e não apenas meias e atacantes hábeis, velozes e artilheiros. Os programas esportivos adoram as estatísticas de fazedores de gol. Outros atletas podem ser protagonistas, com qualquer função. Essa preferência diminui a atenção dos garotos para outras posições, uma das razões da queda de qualidade do meio-campo da seleção e dos clubes brasileiros. O meio-campo é a alma e o cérebro de um time.

Cuca, ao escalar Réver no meio-campo, contra o América, sem ter nenhuma característica para a posição, empobreceu o setor no Atlético-MG. Isso me lembra alguns técnicos das últimas décadas, que adoravam colocar zagueiros de volantes. Não se deve confundir jogar com três zagueiros com escalar zagueiros como volantes.

Os clubes precisam ser mais bem administrados. O Cruzeiro foi vítima de dirigentes incompetentes e inescrupulosos. O Santos passa por uma péssima situação financeira. O Corinthians tem uma dívida de R$ 1 bilhão, gastou R$ 120 milhões com contratações e continua com um elenco fraco. A culpa não é somente do técnico.

O jogo de futebol, além dos aspectos técnicos, táticos, físicos e psicológicos, é uma demonstração de inteligência da mente e do corpo. A capacidade de alguns jogadores especiais de, em uma fração de segundos, observar e calcular tudo o que está a sua volta é chamado pela neurociência de inteligência corporal cinestésica. A psicanálise diria que é um saber inconsciente. A pessoa sabe antes de pensar. O corpo fala primeiro.

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