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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Contra o Brasil, Chile lembrou suas equipes do passado

Seleção não aproveitou, por mau posicionamento e erros individuais, espaços deixados pelos chilenos

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Há 23 anos na função de comentarista, acompanho, no campo e pela TV, partidas do Brasil contra o Chile. A frase que foi feita para os mexicanos serve também para os chilenos: “Jogamos como nunca e perdemos como sempre”.

Parecia jogo do passado, já que a maioria dos jogadores chilenos são os mesmos. Só faltaram Salas e Zamorano no ataque. O atual técnico é outro, mas o time jogou como na época de Sampaoli, com três zagueiros e os outros sete pressionando à frente. O Chile teve mais posse de bola, finalizou mais, porém, as chances reais de gol foram pouquíssimas e mais ou menos iguais às do Brasil.

A marcação mais recuada do Brasil foi a novidade. Aconteceu por estratégia ou o time foi empurrado para trás pelo Chile? Seja qual for o motivo, o Brasil não aproveitou, por mau posicionamento e por erros individuais, os enormes espaços deixados pelos chilenos. Neymar atuou muito mal.

Seleção brasileira comemora gol em partida contra o Chile - Claudio Reyes - 2.set.21/AFP

Vinicius Junior jogou muito atrás, como secretário de Alex Sandro. Por outro lado, não havia pela direita um atacante nem ninguém para proteger Danilo. Continuo sem entender bem o que Tite quer de Paquetá. Faltou ao Brasil, mais uma vez, ter o domínio da bola e do jogo no meio-campo.

Neste domingo (5), o Brasil enfrenta a Argentina. Diferentemente das Eliminatórias para a Copa de 2018, quando, já com Tite, ganhava e convencia, a equipe atual ganha, mas não agrada. Quem sabe na Copa do Mundo aconteça o inverso? Tudo é incerto.

Reflexões

A rescisão antecipada do contrato de Maicon é um retrato do fim de uma era no Grêmio. Termina o futebol bonito e eficiente, com muita troca de passes, aproximações e triangulações, que encantava a todos. Retorna o jogo medíocre, que dominou o futebol brasileiro durante décadas, de muitos chutões, de bolas aéreas, de passes longos, de estocadas isoladas, com volantes apenas recuados e marcadores e com um meia responsável por toda a armação das jogadas.

Maicon, Luan, Arthur e outros eram os donos da bola no meio-campo, bem comandados por Renato Gaúcho. Maicon, no São Paulo, jogava tão bem quanto no Grêmio, porém, era vaiado e criticado. Confundiam troca de passes com lentidão e falta de objetividade.

Precisamos evoluir. Não podemos mais confundir controle da bola com lentidão, velocidade com pressa, cruzamentos com técnica com jogar a bola na área para contar com a sorte, nem valorizar quase somente os dribles e os artilheiros. No futebol brasileiro, até o limitado Calleri tem grandes chances de fazer muitos gols e de se destacar.

Não deveríamos também confundir habilidade com técnica. A habilidade é importante, mas, para ser craque, é preciso ter excepcional técnica e grandíssimo profissionalismo, como tem Cristiano Ronaldo.

Aqueles Olhos Verdes

José Trajano, jornalista e escritor, escreveu mais um delicioso livro, “Aqueles Olhos Verdes”. Trajano mistura, durante o período de 1930 a 1960, ficção com realidade, personagens da política, das artes e do futebol, como Zizinho, que dizem ter sido, no Brasil, apenas inferior a Pelé.

Outro bom livro que li recentemente é “Periodização Tática”, escrito pelo treinador Jorge Couto Reis, formado pela Uefa, com orientação de Vítor Frade, professor da Universidade do Porto.

O livro disseca métodos de treinamentos e as estratégias do jogo. Portugal está à frente do restante do mundo com relação a pesquisas científicas e em publicações sobre o futebol. Por essa razão, forma ótimos treinadores, como Abel Ferreira, Jorge Jesus e José Mourinho.

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