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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Dirigentes de futebol lutam apenas por seus interesses, em troca de favores com a CBF

É 'dando que se recebe', uma praga nacional que continua, ao contrário do que prometeram

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No futebol, na política, na sociedade e na vida, mais importante do que dizer é fazer. Muitos fazem, em desacordo com o que dizem. Alguns fazem o contrário do que falam.

A AFA, a Conmebol e a CBF combinaram, desde a Copa América e o início da Libertadores e das Eliminatórias, que não haveria problemas na circulação dos membros das delegações sul-americanas. Esqueceram da Anvisa, uma autarquia séria, que não depende do governo, que comanda e fiscaliza as regras sanitárias do país e que estão acima de qualquer acordo entre federações de futebol.

A Anvisa informou, por várias vezes, que os jogadores que estiveram, por até 14 dias antes, na Inglaterra, teriam que fazer quarentena para entrar no Brasil. Não deram bola, porque acharam que o futebol está acima das leis. A Anvisa não queria suspender a partida, mas sim deportar os quatro atletas irregulares. Aqui, não existe apenas o jeitinho brasileiro.

As pessoas falam muito e fazem pouco. Desde a infância, ouço belos discursos contra a miséria e contra as injustiças sociais, mas a pobreza e a falta de saneamento básico, no Brasil, continuam em níveis vergonhosos.

Todos bradam contra a corrupção, mas, no momento, há uma onda de absolvições, tanto de quem tem quanto de quem não tem razão. Alguns chegam a dizer que o combate à corrupção prejudica a economia, por causa de empresários punidos.

Dirigentes de clubes e de federações defendem melhorias no futebol, mas lutam apenas por seus interesses, por meio da troca de favores com a CBF. É “dando que se recebe”, uma praga nacional, que continua, ao contrário do que prometeram.

Torcedores e parte da imprensa esportiva defendem a melhoria da qualidade do espetáculo, mas são os primeiros a endeusar os vencedores, mesmo quando praticam um futebol muito ruim.

Dizer o que é correto, justo, e criticar os preconceitos é fácil. Difícil é fazer e conviver com as desmedidas ambições que existem nas profundezas da alma.

Estou lendo, um presente do autor, o belo livro do escritor, filósofo e economista Eduardo Giannetti, “O Anel de Giges”, nome de uma fábula de Platão. Giannetti, após uma longa pesquisa, fala sobre as contradições humanas, os conflitos entre o ser e o parecer, entre o desejo e a ética.

Na semana passada, após um ano e sete meses de rígida quarentena, viajei, de carro, por alguns dias, a Tiradentes, a belíssima e histórica cidade mineira, onde conheci Eduardo Giannetti, que costuma se refugiar na cidade para escrever seus excelentes livros, como “O Autoengano” e tantos outros.

Brasil x Peru
Na quinta (9), contra o Peru, o Brasil dever ter a mesma escalação que iniciou a partida contra a Argentina.

Último Brasil x Peru, na semifinal da Copa América, terminou com vitória brasileira por 1 a 0
Último Brasil x Peru, na semifinal da Copa América, terminou com vitória brasileira por 1 a 0 - Carl de Souza - 5.jul.2021/AFP

No jogo anterior, contra o Chile, não havia ninguém pela direita nem para atacar nem para defender. No segundo tempo, melhorou um pouco, com a entrada de Everton Ribeiro por esse setor, passando Paquetá, que atuava pelo centro, para a esquerda, no lugar de Vinícius Júnior. Gerson, que se destaca pela mobilidade e pelo talento, por jogar de uma intermediária à outra, como fazia no Flamengo, entrou no lugar de Bruno Guimarães, marcando ao lado de Casemiro, sem avançar, fora de suas características.

A seleção continua confusa. Repito, pela milésima vez, falta mais troca de passes, mais domínio da partida e mais jogo coletivo. Os problemas costumam ficar escondidos quando o Brasil enfrenta seleções nitidamente inferiores, como a do Peru.

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