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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Palmeiras não é favorito, mas também não será surpresa se ganhar a Libertadores

Time alviverde não possui, do meio para frente, jogadores especiais como há em Flamengo e Atlético

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O Flamengo, na época de Jorge Jesus, pressionava, fazia um gol, continuava agredindo e, geralmente, fazia mais gols. Era uma avalanche. Com Renato Gaúcho, pressiona, faz um gol, recua a marcação, contra-ataca e também costuma fazer mais gols. Há várias maneiras de vencer, de jogar bem e de fazer muitos gols.

Renato percebeu que o meio-campo avançava muito e que os zagueiros ficavam atrás, deixando grandes espaços entre os dois setores. O time, após fazer um gol, passou a marcar mais atrás, para contra-atacar. Com isso, o veloz e driblador Michael, que errava demais com os outros técnicos, com espaço, passou a jogar bem e a fazer coisas que eu não imaginava que faria no Flamengo.

O Flamengo, que tinha uma equipe titular melhor que a do Palmeiras, tem também agora um elenco superior, após a contratação de alguns ótimos jogadores e o crescimento técnico dos reservas.

Dudu é marcado de perto por Rodinei em derrota do Palmeiras para o Flamengo no Brasileiro
Dudu é marcado de perto por Rodinei em derrota do Palmeiras para o Flamengo no Brasileiro - Carla Carniel - 12.set.2021/Reuters

O Atlético, líder do Brasileiro, com boa vantagem, possui também muita qualidade individual e coletiva. Cuca sabe mudar a escalação e a maneira de jogar de acordo com o adversário e o momento da partida.

O Palmeiras tem um excelente elenco, mas não possui, do meio para frente, jogadores especiais, como Flamengo e Atlético. O Palmeiras não consegue também, mesmo quando enfrenta equipes inferiores, impor um jogo de domínio da bola e do campo, como fazem Flamengo e Atlético. Mesmo assim, principalmente em jogos de mata-mata, o time tem momentos muito bons, pois atua com segurança e com bons contra-ataques. Não é o mais forte candidato, mas não será nenhuma surpresa se ganhar a Libertadores.

Flamengo, Atlético e Palmeiras estão muito bem para o nível de futebol que se joga no país, mas, na média, há pouca qualidade. As partidas são muito tumultuadas, há vários gramados ruins, um excesso de erros nas arbitragens, grandes deficiências individuais e uma frequente, viciada e ultrapassada maneira de jogar. É preciso buscar a eficiência e a beleza do espetáculo.

Como disse o brilhante comentarista Paulo Calçade, da ESPN Brasil, o futebol brasileiro criou uma geração de apaixonados somente pelos resultados.

O Flamengo, ao mesmo tempo em que encanta dentro de campo, desencanta fora, com a postura arrogante de se achar o dono do futebol. O clube participou da reunião do Conselho Técnico, com a presença de todas as equipes da Série A e, logo em seguida, graças a uma liminar da Justiça, aproveitando a liberação de público dada pela Prefeitura do Rio, vai jogar com torcedores no Maracanã. Prefeituras de outras cidades já adotaram o mesmo procedimento.

O Grêmio, apesar de praticamente já desclassificado da Copa do Brasil, pois perdeu o primeiro jogo por 4 a 0, protesta, com razão, pela presença de público no Maracanã, no segundo jogo, contra o Flamengo. As estatísticas mostram, nitidamente, que a presença de torcedores aumenta a chance de vitória das equipes que jogam em casa.

Quase todos os times da Série A querem a volta da torcida somente quando houver igualdade de condições, ou seja, com o aval das autoridades sanitárias de todas as cidades.

Há décadas ouço falar na criação de uma liga nacional de clubes. Tudo conversa fiada. Cada um luta por seus interesses.

Quando começou a trágica pandemia, os puristas diziam que as pessoas se tornariam mais generosas e humanas. Ocorre o contrário. Estão mais egoístas e desumanas, mas a esperança no futebol, no país e na vida não pode acabar.

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