Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Pelé me dizia, com o olhar esbugalhado e as movimentações do corpo, o que faria

A comunicação analógica é menos precisa, porém mais profunda do que a digital

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Parabéns às mulheres que denunciaram, com firmeza e coragem, o assédio sexual do presidente da CBF, com o reconhecimento da comissão de ética da entidade. Rogério Caboclo deveria ser punido e afastado definitivamente do cargo.

Com exceção dos ingleses, os árbitros de todo o mundo, especialmente os do Brasil, adoram marcar pênaltis, como o que envolveu Neymar, a favor do PSG, contra o Lyon. Nos últimos tempos, aumentou demais o número de regrinhas que explicam a marcação de pênaltis, como o “movimento antinatural” dos braços. Nada mais confuso. Os Zé Regrinhas queriam acabar com o achismo do passado e criaram um monstro, incompreensível.

O trio de craques do PSG continua desentrosado. Messi ficou com a cara amarrada ao ser substituído, quando faltavam 15 minutos para o jogo acabar. Imaginava que poderia decidir a partida. Estava 1 a 1. O mediano Icardi, que entrou no lugar de Messi, fez o gol da vitória, no último minuto. Alguns analistas, como é frequente, disseram que o técnico agiu corretamente na substituição, por causa do gol. É quase sempre assim. Explicam os resultados pela conduta dos treinadores, como se não houvesse dezenas de outros fatores envolvidos.

Ainda é cedo para saber se os três craques vão funcionar muito bem coletivamente. Tem tudo para acontecer. O entrosamento depende muito mais do posicionamento, das características que se completam e da inteligência corporal e cognitiva do que do tempo de treinos e de jogos.

Na primeira vez em que joguei com Dirceu Lopes no Cruzeiro, nos anos 1960, quando tínhamos 17 anos, parecia que jogávamos juntos havia mil anos. Um completava o outro.

Atuei pouco com Pelé, pois jogávamos em clubes diferentes e a seleção se reunia muito menos do que agora. No Mundial de 1970, quando a bola estava com Gerson, Rivellino ou Jairzinho, Pelé me dizia, com o olhar esbugalhado e com as movimentações do corpo, o que faria. Eu tentava entendê-lo, ajudá-lo. A comunicação analógica é menos precisa, porém mais profunda do que a digital. Tomara que o Rei se recupere.

Joguei pouco com Pelé, mas a comunicação era fácil - Acervo/Folhapress

Pressão individual

Na coluna anterior, escrevi que a escalação com três zagueiros deixa muitos espaços nas costas dos alas, obviamente, quando o time marca por pressão, com os alas e os meio-campistas adiantados.

A marcação por pressão é um avanço do futebol. A primeira a usá-la foi a seleção holandesa, em 1974. Bielsa fez o mesmo, seguido por Guardiola e outros. Hoje, é bastante comum. Em vez de recuar e fechar os espaços, os jogadores passaram a pressionar quem estivesse com a bola, em todo o campo. Assim, correm menos do que na marcação mais recuada, pois a distância é menor, já que a pressão é no adversário que está por perto.

É preciso separar a marcação por pressão da individual, usada nos anos 1960 e 1970, quando os marcadores corriam, por todo o campo, atrás de um único jogador adversário. Era ótimo enfrentar os europeus, que jogavam assim, como a Itália, na final da Copa de 1970. Quando um marcador era driblado, abria-se um grande espaço na defesa. Hoje, a marcação individual, intensa, respeita o setor, como faz o São Paulo e tantas outras equipes pelo mundo.

Quando eu jogava, sem nenhum técnico me pedir, encostava no volante (centromédio), que fazia a passagem da bola para o ataque, pois eu sabia que os zagueiros e os laterais iam procurá-lo para dar o passe. Jogador não é um avatar, um bonequinho teleguiado. Precisamos repensar o futebol e a cegueira que assola o país.

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