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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Beleza de um jogo está, principalmente, na incerteza

Fatores importantes, belíssimos e surpreendentes acontecem durante a partida

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O que é mais marcante, a intensa superioridade individual dos times brasileiros ou a enorme queda técnica das equipes de outros países sul-americanos? Essa distância dificulta as análises técnicas e táticas dos jogadores e dos times do Brasil. Tite, nas convocações, tem dificuldade de avaliar os atletas que atuam no futebol brasileiro. Gérson, esperança da seleção, grande destaque no Flamengo, é hoje reserva no Olympique de Marselha.

As inúmeras claras chances de gol do Barcelona de Guayaquil, nas duas partidas contra o Flamengo, são um indício da fragilidade coletiva do sistema defensivo do time brasileiro ou ocorreram porque o Flamengo não se preocupa tanto com a defesa, pois sabe que vai ganhar a partida?

Dizer que um time superior tem de jogar no ataque para fazer gols, sem ter cuidados defensivos, é um raciocínio fracassado e/ou fantasioso. A Seleção de 1970 era forte também na defesa. O Santos de Pelé e o Barcelona de Guardiola defendiam bem com a posse de bola, sem dar chances ao adversário.

Na vitória do Flamengo, Bruno Henrique, mesmo se não tivesse feito os dois gols, teria sido um dos destaques da equipe, ao lado de Diego Alves e de Éverton Ribeiro.

Já a escolha de Dudu, do Palmeiras, como o melhor do jogo contra o Atlético é mais um exemplo da excessiva valorização do jogador que faz o gol, pois, no restante da partida, teve uma atuação ruim. Os melhores do Palmeiras foram jogadores da defesa, Felipe Melo, Gustavo Gómez e o goleiro Weverton.

Além da falha do bom zagueiro do Atlético Nathan Silva, os méritos do gol são, principalmente, do jovem Gabriel Verón, pela velocidade e pelo passe preciso que deixou Dudu a um metro da linha do gol.

Não pense que eu não goste de gols e de artilheiros. Eles são decisivos. Porém, vários outros fatores importantes, belíssimos e surpreendentes acontecem durante a partida e precisam ser valorizados. A beleza de um jogo está, principalmente, na incerteza.

Quem não viu na íntegra a vitória do PSG sobre o Manchester City e do Manchester United sobre o Villarreal, com gols de Messi e de Cristiano Ronaldo, deve ter pensado, pelas manchetes e análises, que os dois fizeram partidas excepcionais. Fora os gols, quase não pegaram na bola.

Quando Messi vai jogar, gosto de ver todos os instantes da partida, pois ele, com frequência, faz coisas mais belas e talentosas que os gols que vai marcar.

Com Cristiano Ronaldo, é diferente. Basta ver apenas os gols ou as repetições. Já fico contente. Por ser o melhor finalizador do mundo, é o segundo maior jogador de todos.

Desimportância

Nessa semana, durante minha caminhada diária, com máscara e sem bengala, após usá-la durante o período de recuperação de uma cirurgia de quadril, um leitor me disse que estou muito ausente e que deveria dar mais entrevistas e participar dos programas esportivos da TV e das redes sociais.

Gosto de escrever, do silêncio. Não confunda com solidão. Sou apaixonado pela vida. Sou um colunista. Não sou notícia. Tenho consciência também de minha desimportância.

Não me animo a aparecer na TV, ainda mais pelo Zoom, mas tenho saudades do período em que trabalhei, especialmente na ESPN Brasil, no início do programa Linha de Passe, há mais de 20 anos, ao lado de pessoas e de profissionais que admiro, como José Trajano, Juca Kfouri, Fernando Calazans, Milton Leite, Antero Greco e outros, além dos que não apareciam no vídeo.

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