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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Brasil não precisa ter bom desempenho para vencer, o que me preocupa

Mesmo assim, se melhorar coletivamente, passa a ter chances de ganhar a Copa

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O primeiro tempo contra a fraquíssima Venezuela foi muito ruim. Quem viu apenas o segundo, na vitória de virada por 3 a 1, ficou surpreso com a escalação do ataque, com Raphinha pela direita, Antony pelo centro, posição em que nunca o tinha visto jogar, e Vinicius Júnior pela esquerda, além do centroavante Gabigol.

Raphinha, desconhecido pela maioria dos brasileiros, joga no Leeds United, da Inglaterra, comandado por Marcelo Bielsa.

As frequentes mudanças de Tite, na escalação e na maneira de jogar, desde o primeiro jogo após a Copa de 2018, são boas condutas, por aumentarem as opções técnicas e táticas, ou dificultam a formação de uma identidade coletiva e a evolução de alguns jogadores que entram e saem do time?

O Brasil continua também com um enorme número de bons e ótimos jogadores, espalhados pelo futebol brasileiro e pelos outros países. Porém, depois da Copa de 2018, não surgiu um único craque. Raphinha, Antony, Vinicius Junior, Richarlison, Gerson e outros são bons, mas não são jogadores de destaque mundial.

Dois homens frente a frente driblando bola de futebol
Venezuela x Brasil em Caracas pelas Eliminatórias da Copa - Lucas Figueiredo/CBF

O torcedor brasileiro, que acompanha de perto o futebol no Brasil e em todo o mundo, ficou impressionado com as partidas entre Liverpool e Manchester City e entre Bélgica e França. É outro nível técnico. Além da maior qualidade individual, essas equipes defendem e atacam com muitos jogadores, em bloco, em frações de segundo, sem deixar espaço entre os setores.

Mesmo assim, o Brasil, se melhorar coletivamente, passa a ter chances de ganhar o Mundial, por ter alguns jogadores especiais, como Neymar, Casemiro, Marquinhos e qualquer um dos três goleiros.

Mesmo contra adversários mais fracos, o que me estranha e me preocupa na seleção brasileira, que não sei explicar bem, é que o time, diferentemente da Argentina e das seleções europeias, não precisa ter bom desempenho para vencer. Seria por causa da história, da confiança e da dedicação ou seria um mistério? Preocupo-me porque essa situação gera insegurança.

Enquanto a seleção brasileira sente falta de mais repetição, na escalação e na maneira de jogar, os times do Brasil exageram na repetição, nos posicionamentos fixos, geralmente com dois volantes em linha, um meia pelo centro, dois jogadores abertos e um centroavante estático.

Pouco se cria, muito se repete.

A repetição é importante para aprimorar a técnica individual e coletiva. É uma tendência humana, por ser mais segura. Porém, quando excessiva, diminui a inventividade e a capacidade de surpreender.

A repetição não ocorre somente no futebol. Ela está presente em todas as atividades humanas. Analistas possuem também seus comentários prontos, para diversas situações. Um exemplo é creditar sempre ao treinador a responsabilidade pelas vitórias e pelas derrotas, quando ele promove mudanças no segundo tempo, na escalação ou na formação tática.

Independentemente dessas mudanças, o segundo tempo de um jogo é diferente do primeiro, por inúmeros outros motivos.

O Brasil virou contra a Venezuela por causa das mudanças? Penso que foram importantes, pois o time passou a jogar com muitos atacantes, dois jogadores rápidos e hábeis pelos lados, contra um
adversário fraco e recuado.

Não precisava ter meio-campo, trocar passes. Bastava jogar a bola para o ataque. Contra seleções fortes, como as principais da Europa, é totalmente diferente. É essencial ter aproximação, fazer triangulações e ter o domínio da bola. Falta um craque no meio-campo.

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