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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Tombo do Flamengo, com sua desmedida ambição, pode ser grande

Clube sonha em abandonar o futebol brasileiro e se tornar um grande do mundo

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Nas últimas décadas, a Europa se desenvolveu mais do que a América do Sul na educação, na saúde, nas condições sociais, no conhecimento científico e na formação de profissionais. Isso se reflete em todas as áreas, incluindo o futebol. Os calendários são mais organizados, os estádios, mais seguros e confortáveis, e os gramados, muito melhores. Evidentemente, há exceções.

O SUS é um orgulho brasileiro. Até os mais famosos e mais ricos enfrentam fila para se vacinar contra a Covid. Temos, pelo menos nesses momentos, a satisfação e a ilusão de que vivemos em um país mais justo e mais solidário.

Nas partidas da Europa, há menos faltas, violência e tumulto. O VAR é muito melhor, os treinadores, na média, são superiores, e os times têm mais craques, pois perceberam o óbvio de que, quanto maior a qualidade do espetáculo, maiores são o público e os lucros. Os ingressos são caros, mas há mais pessoas em condições de adquiri-los.

Mané tenta voleio em partida do Liverpool, espetáculo de qualidade - Han Yan - 19.set.21/Xinhua

Além de contratar os melhores jogadores de todo o mundo, os europeus aprimoraram a técnica e executam melhor o que foi planejado. Passaram também a formar mais jovens bons de bola, que, com menos de 21 anos, são titulares de grandes times e seleções, o que não ocorria. A técnica individual e coletiva é hoje mais decisiva do que a habilidade, a fantasia e a improvisação.

No Brasil, o futebol deixou de ser um entretenimento barato, acessível para os mais pobres. Os ingressos são caros, e, para assistir às melhores partidas pela televisão, as pessoas necessitam pagar outros pacotes nos diversos streamings e outros nomes que não entendo.

Os ingressos mais baratos para a final da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo, no Uruguai, são de R$ 1.100, um salário mínimo, mais caros do que os ingressos mais baratos da final da Liga dos Campeões da Europa. Isso sem falar nos abusivos preços de hotéis e de passagens aéreas.

Enquanto o futebol brasileiro vive tantos problemas, dentro e fora de campo, e vícios acumulados durante décadas, a principal discussão diária, interminável, é sobre se os treinadores devem ou não ser demitidos. A cada dia aumenta o número de jornalistas seguidores de redes sociais.

Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras são exceções no Brasil e na América do Sul, por contratarem os melhores jogadores do continente e trazerem outros bons da Europa, mas os três precisam dos outros clubes. O Flamengo, com sua desmedida ambição, sonha em abandonar o futebol brasileiro e se tornar um grande time do mundo. O tombo pode ser também grande.

Torcedores do Fla lamentam derrota para o Flu - Alexandre Loureiro - 23.out.21/Reuters

O Brasil continua produzindo um grande número de bons, ótimos e também ruins jogadores, espalhados pelo mundo. Na última rodada da Liga dos Campeões da Europa, era o país com o maior número de atletas em campo. Porém imagino que, pelas possibilidades estatísticas, o Brasil, por ser tão grande, ter enorme tradição e formar tantos profissionais, deveria ter, do meio para a frente, no mínimo, mais uns dois Neymares. Não possuímos porque há muita deficiência na estrutura profissional.

Vinicius Junior, no Real Madrid, pela esquerda, entrando também pelo meio, e Paquetá, no Lyon, pelo centro, adiantado, formando dupla com outro atacante, têm brilhado. Os dois, nas posições em que jogam por seus clubes, podem ser boas opções na seleção, ainda mais pelo fato de que não há um centroavante definido. Paquetá é ótimo na troca curta de passes e poderia formar com Neymar uma boa dupla de atacantes.

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