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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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As vitórias estão sempre muito perto das derrotas

Contra o Atlético-MG, Flamengo atuou no contra-ataque, de maneira mais cautelosa

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O Flamengo, nas vitórias contundentes, várias por goleada, usou de estratégias parecidas ou iguais aos da derrota por 3 a 0 para o Athletico e de outros resultados ruins. Contra o time paranaense, o Flamengo teve sete chances claras de gol. Em todas as partidas em que venceu, empatou ou perdeu, o time deixou muitos espaços na defesa. O Barcelona de Guayaquil perdeu inúmeros gols nas duas derrotas para o Flamengo.

Michael (no centro) é abraçado depois de fazer o gol da vitória do Flamengo contra o Atlético-MG
Michael (no centro) é abraçado depois de fazer o gol da vitória do Flamengo contra o Atlético-MG - Alexandre Loureiro-30.out.21/Reuters

A maneira de atuar do Flamengo, pressionando no ataque e deixando muitos espaços na defesa, é um risco calculado, que poderia ser diminuído se a equipe melhorasse o posicionamento dos defensores quando estivesse no ataque e se recuperasse a bola rapidamente, onde a perdeu, como fazia na época de Jorge Jesus. Porém, mesmo grandes times, que não têm essa deficiência, de vez em quando, sofrem goleadas. É o risco.

No futebol, com frequência, um time ganha várias partidas seguidas e, de repente, perde vários jogos, mesmo sem mudar os jogadores e as condutas dos treinadores. As vitórias costumam estar muito perto das derrotas.

As estatísticas ajudam na compreensão do jogo, porém, algumas vezes, atrapalham, iludem. Finalizar bastante pode ser uma virtude ou uma deficiência, já que pode diminuir a troca de passes e as infiltrações para fazer o gol. Muito mais importante que finalizar muito é criar chances de gol.

O Flamengo, contra o Atlético, foi outro time. Jogou com mais cautela e marcou mais atrás, para contra-atacar. O Atlético não conseguiu criar oportunidades de gol nem permitiu contra-ataques do Flamengo. Foi uma partida ruim, tumultuada, como é o comum nos clássicos do Brasil. Não podemos nos conformar com essa situação e devemos exigir melhores espetáculos.

O único ótimo momento da partida foi o gol do Flamengo. Arão, com muita técnica, deu o passe preciso, longo, para o lateral Isla, avançado, cruzar. Bruno Henrique, como sempre, subiu muito alto, nas nuvens. Cabeceou para o esperto Michael fazer o gol.

O Palmeiras, na vitória sobre o Grêmio, mostrou, mais uma vez, que é um time que gosta de mudar a escalação e a maneira de jogar de acordo com o adversário e com as características dos jogadores escalados. Vejo isso como uma qualidade. Há muitas maneiras de jogar bem e de vencer, desde que as mudanças sejam feitas no momento certo. Abel Ferreira e Cuca são dois técnicos inquietos, que sabem e que gostam de alterar o time e a estratégia. Não são gênios nas vitórias nem burros nas derrotas. São muito bons treinadores.

Esplendor e ocaso

Na semana passada, Garrincha faria 88 anos. Vi, no campo, pela televisão, seu esplendor e, de mais perto, seu ocaso, na Copa de 1966. Estava presente. Em um jogo-treino da Seleção, antes do Mundial, contra um time da segunda divisão da Suécia, eu estava no banco de reservas, a um metro da linha lateral. Garrincha, pertinho, driblava tanto o marcador, que eu, os outros reservas e o público mais próximo dávamos gargalhadas. Por causa desse show, Garrincha foi confirmado na Copa, sem condições, pois driblava, mas não saía do lugar. Fez um gol de falta no Mundial, contra a Bulgária.

Loucura

Comecei a ler "A Virtude da Loucura", da Editora Grande Área, sobre o técnico Marcelo Bielsa, escrito pelo jornalista inglês Tim Rich. "Loco Bielsa" é um dos personagens importantes do futebol, por representar a inventividade, a esquisitice e o sucesso dos derrotados.

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