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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Atlético-MG não mostrou novidade tática, mas executou bem o planejado

Além da qualidade, do elenco e do conjunto, equipe jogou cada partida como se fosse a última

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Antes de começar o Brasileiro, um dos lugares-comuns mais ditos, entre tantos, é o de que todas as partidas são iguais e que todas as vitórias valem três pontos. O Atlético-MG levou isso a sério. Além da qualidade, do elenco e do conjunto, a equipe jogou cada partida como se fosse a única e a última. O Atlético não teve nenhuma grande novidade tática. Mais importante que a estratégia foi a execução bem feita do que foi planejado. Cuca gosta de lamentar, até nas vitórias, porque busca a perfeição.

O Flamengo, vice-campeão, não teve a mesma seriedade e regularidade. Mais que isso, não se libertou do fantasma de Jorge Jesus. Domènec Torrent não agradou porque tinha ideias próprias. O sisudo e pragmático Rogério Ceni é obcecado pelos detalhes científicos, mas não teve uma boa relação afetiva com os jogadores. Renato Gaúcho foi o contrário. Amigão, bem-humorado, foi demitido por não ser tão detalhista nos treinamentos.

Keno e Vargas comemoram gol do Atlético-MG diante do Bahia, em Salvador
Keno e Vargas comemoram gol do Atlético-MG diante do Bahia, em Salvador - Divulgação/Atlético-MG

Nenhum treinador vai agradar no Flamengo. Como disse o comentarista Caio Ribeiro, só há uma solução, a de recontratar Jorge Jesus, para vê-lo fracassar e, com isso, exorcizar o fantasma. É mais ou menos o que ocorre no luto. Precisamos vivenciá-lo, para nos acostumarmos com a falta, a ausência.

O Brasileiro continua emocionante, pois ainda vai definir os classificados para a Libertadores, para a Copa Sul-Americana e os rebaixados. Se o Grêmio cair, se juntará a Vasco, Cruzeiro e talvez o Bahia, todos grandes clubes.

A permanência de Luxemburgo no Cruzeiro é benéfica, pela continuação do trabalho, desde que ele não ganhe como se fosse um técnico de um dos principais times da Série A nem que se torne também gerente. Não faz sentido compará-lo ao lendário Alex Ferguson, como alguns fizeram, por exercer, com sucesso, essa dupla função no Manchester United. O comportamento e a credibilidade são bem diferentes.

O Grêmio teve uma grande atuação na vitória por 3 a 0 sobre o São Paulo. Neste domingo (5), fora de casa, enfrenta o Corinthians. Por que o Grêmio, um clube organizado, sem grandes dívidas, com salários em dia, com bom elenco e experientes treinadores, está muito perto da Série B? É um mistério.

O meia gremista Jean Pyerre, uma ótima promessa, foi um fracasso, chamado de novo Ganso, pela falta de vibração e intensidade. Além da incapacidade do jogador de reagir, de colocar a alma em campo, Jean Pyerre é vítima da ineficiência de seus treinadores no clube, que, além de não o orientarem, insistiram em escalá-lo no lugar errado, como um meia-atacante, para fazer gols. Jean Pyerre teria de jogar vindo de trás, do próprio campo. Não espero mais que ele se torne um craque, mas não ficarei surpreso se ele for muito bem no Alavés, da Espanha, onde deve jogar.

Sem querer comparar, Maicon, ex-Grêmio, e Casemiro, no São Paulo, eram tratados também como preguiçosos, indolentes. O brasileiro Jorginho, titular do Chelsea e da seleção italiana, eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 2021, seria contestado no Brasil e criticado por dar passes curtos e por jogar em pequenos espaços.

No Chelsea, Jorginho tem a companhia de Kanté, incansável, com grande movimentação e que defende e ataca. Os dois se completam. Há lugar no futebol para jogadores com estilos diferentes.

A intolerância e a radicalização da sociedade brasileira atingem também o futebol. Precisamos de diversidade, de cidadãos, políticos, jogadores e treinadores com opiniões e condutas diferentes umas das outras, que unam a alma, a seriedade e o talento.

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