Percebo, no Brasil e no mundo, que os times pequenos e/ou inferiores se organizam defensivamente cada vez melhor quando enfrentam adversários mais fortes.
Quando perdem a bola, recuam rapidamente para formar um bloqueio baixo, expressão da moda, com marcação mais recuada, com oito a nove jogadores perto da área. Podem ser duas linhas de quatro, uma de cinco atrás e quatro na frente ou o contrário, uma de quatro atrás e outra de cinco na frente. Prefiro as duas linhas de quatro, porque cada defensor tem um secretário, além de deixar dois jogadores para o contra-ataque.
Evidentemente, na maioria das vezes, por melhor que seja o posicionamento, a equipe pequena perde porque a pressão é grande, porque a bola ronda perto da área durante todo o jogo e, principalmente, porque há uma diferença de qualidade individual. Alguns técnicos mais românticos dos times inferiores preferem arriscar, com a filosofia de que, se vai perder, é melhor tentar ganhar, mesmo que seja goleado.
Os grandes times superiores que pressionam também evoluíram, na tentativa de ultrapassar a retranca adversária. Viram muito a bola de um lado para outro para pegar o ponta aberto, ligeiro, com mais condições de driblar e de cruzar. A seleção brasileira fez isso muito bem contra o Paraguai, com Vinicius Junior de um lado e com Raphinha de outro. É a volta dos pontas, rápidos e hábeis.
As equipes que pressionam e que têm ótimos cruzadores e cabeceadores levam vantagem, já que, por causa do bloqueio na entrada da área, a maioria dos gols sai de bolas cruzadas. Os cruzamentos são fortes, de curva, sem a bola subir tanto. Scarpa, do Palmeiras, Arana, do Atlético, Reinaldo, do São Paulo, e outros fazem isso muito bem. Nos escanteios, os bons cabeceadores, geralmente muito altos, partem de trás, tomam impulsão e cabeceiam com precisão.
Muitas equipes grandes alternam, em um mesmo jogo, as duas estratégias, de marcar mais à frente e de forma mais recuada. O Atlético de Madrid, dirigido por Simeone, fazia isso com eficiência no mesmo jogo. Agora, não tem feito bem nem uma coisa nem outra.
O Fluminense, no Fla-Flu, em grande parte do jogo, marcou mais atrás, com competência, tarefa facilitada pelo fato de o Flamengo não ter jogadores rápidos e agressivos pelos lados. Alguns times, como o Manchester City, às vezes, jogam com três zagueiros e no ataque, escalando pontas nas funções de alas, bem abertos e agressivos.
Criar alternativas no momento certo é fundamental, no futebol e na vida. Ser um é importante, mas ser mais de um é sedutor. Minas são muitas.
A polaridade é criativa e fascinante. Evidentemente, há momentos em que é preciso definir, fazer escolhas, sem que isso signifique ter apenas uma possibilidade.
Há mais de uma maneira de fazer e de ser. "Que sei eu do que serei eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!" (Fernando Pessoa)
Palmeiras na final
No primeiro tempo, o jogo estava morno, sem brilho dos dois lados, sem chances de gol, com o time egípcio marcando mais atrás, até Dudu dar um ótimo passe para Raphael Veiga penetrar e fazer o gol. Na segunda etapa, logo no início, Veiga retribuiu e deu um ótimo passe para Dudu finalizar com precisão. O Al Ahly tentou reagir, mas a defesa do Palmeiras, como sempre, atuou muito bem. Vitória merecida, ao estilo do Palmeiras, com muita marcação e jogadas isoladas e em velocidade.
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