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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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A grande dúvida de Tite para a Copa é onde escalar Paquetá

Treinador e sua comissão técnica estão muito bem preparados para o Mundial no Qatar

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Tite deu uma ótima entrevista ao Redação SporTV. Foi claro, didático e firme. Faltaram o verbo "oportunizar" e os "extremos desequilibrantes".

Tite, com razão, criticou as críticas de que Vinicius Junior, na seleção, joga muito recuado, para ajudar o lateral. Ele atua da mesma forma no Real Madrid. Marca e ataca. Em algumas ocasiões, isso não será possível, como no jogo do Brasil contra o Chile e no do Real contra o PSG, quando Brasil e Real ficaram acuados, sem contra-atacar

Tite, para exemplificar, mostrou imagens do segundo gol do Brasil contra o Uruguai, na Copa de 1970. O ponta Jairzinho, artilheiro da seleção no Mundial, recuperou a bola na intermediária do Brasil, deu para Pelé, para Tostão, que fez o passe para Jairzinho receber a bola na intermediária do Uruguai, driblar e marcar o gol. Foi uma aula de futebol moderno e de contra-ataque.

No dia seguinte ao da entrevista, um comentarista falou que foi um lance isolado. Não foi. Jairzinho, com frequência, por iniciativa e/ou por orientação de Zagallo, voltava para marcar pela direita. Como o meio-campo tinha dois jogadores que marcavam pelo centro, Gérson e Clodoaldo, e mais Rivellino pela esquerda, faltava uma proteção do lado direito, que Jairzinho preenchia.

Outra crítica a Tite, inadequada e milhões de vezes repetida desde a Copa de 2018, é de que ele colocou o centroavante Gabriel Jesus para marcar o lateral adversário. Isso ocorreu em parte de um tempo de um jogo, quando Tite trocou Gabriel Jesus e Neymar de posição, para deixar Neymar livre pelo centro, sem precisar voltar para marcar.

Tite foi questionado se o veterano Thiago Silva, por jogar no Chelsea, com três zagueiros, teria de fazer um esforço maior na seleção, que atua com dois zagueiros. Tite relatou um trabalho feito pela comissão técnica sobre isso, que mostrou o contrário, que Thiago Silva se desloca muito mais no Chelsea. Não há nenhuma surpresa. Como os dois alas do Chelsea avançam muito, a distância entre uma lateral e outra fica muito maior para três defensores do que para quatro (dois zagueiros e dois laterais).

Tite está entusiasmado com a evolução dos pontas dribladores, velozes e abertos, como Vinicius Junior, Raphinha e Antony, que marcam e atacam. Com isso, os laterais não precisam avançar pelas pontas. A grande dúvida de Tite é onde escalar Paquetá, na posição de Fred ou pelos lados, além de ser, junto com Coutinho, o substituto de Neymar.

Paquetá comemora com Neymar o gol da classificação diante do Chile, nas quartas de final da Copa América de 2021
Paquetá comemora com Neymar o gol da classificação diante do Chile, nas quartas de final da Copa América de 2021 - Carl de Souza - 2.jul.2021/AFP

Paquetá jogou bem em todas essas posições. Existe ainda outra opção, não perguntada ao técnico, que seria adiantar Paquetá para formar dupla com Neymar, saindo o centroavante, algo parecido ao que ocorreu na Copa de 1970.

Preocupa-me a forma física e técnica de Neymar, que tem se contundido muito e demonstrado uma queda de mobilidade e de velocidade. Prefiro Neymar da intermediária para o gol, para driblar, passar e finalizar. Nos jogos, ele recua para receber a bola, às vezes, no próprio campo, e corre o risco de perdê-la, além de ficar muito longe do gol adversário.

Tite e a comissão técnica estão muito bem preparados. Sabem, pensam e calculam tudo. Porém, às vezes, em um jogo, ocorrem fatos inesperados, como o deslocamento do centroavante Lukaku para a direita e a entrada de De Bruyne pelo centro, vindo de trás, para finalizar. Grandes técnicos precisam saber também agir rapidamente, sem programar, com intuição, no estalo. Às vezes, são as decisões mais brilhantes e eficientes.

Erramos: o texto foi alterado

Por um erro de edição, o segundo parágrafo da coluna teve palavras misturadas ao texto original de Tostão.

O texto também dizia que Jairzinho foi o artilheiro da Copa do Mundo de 1970. O goleador do Mundial do México foi o alemão Gerd Müller.

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