Os treinadores são fundamentais, as estratégias são importantes, mas, com raras exceções, ganham os times que têm melhores jogadores, o que não significa que as equipes com mais talento individual sejam sempre as vencedoras. O futebol tem razões e segredos que vão muito além de nossa soberba sabedoria. Conhecemos mais seus efeitos que sua gênese.
Individualmente, Palmeiras, Atlético e Flamengo dominam o futebol brasileiro. Por isso, são os melhores. O Corinthians, com as boas contratações, ainda não é, mas poderá ser o quarto.
O Palmeiras possui um excelente treinador, com cabeça fria e coração quente, capaz de mudar as estratégias e as escalações de acordo com o adversário.
O Palmeiras não tem um Hulk, um Gabigol, mas possui o melhor goleiro (Weverton) e o melhor zagueiro (Gustavo Gómez) que atuam no Brasil, além do melhor meia ofensivo (Raphael Veiga), entre os brasileiros que atuam no país. Fora Weverton, Gustavo Gómez e Raphael Veiga, o Palmeiras tem dois bons jogadores do mesmo nível em todas as outras posições.
Na quinta (17), Palmeiras e Corinthians, dirigidos por dois treinadores portugueses, se enfrentam. O Palmeiras está mais pronto coletivamente. O novo técnico do Corinthians anuncia que vai pressionar e tentar ter o domínio da bola e do jogo.
Os dois times procuram centroavantes. Como o Palmeiras prioriza os contra-ataques, quando enfrenta fortes adversários, o veloz Rony tem sido importante nas conquistas. Já Roger Guedes, no Corinthians, está fora de lugar, pois, além de não ser um clássico centroavante, não é um atacante que se movimenta, que facilita e que abre espaços para os companheiros. Ele é excelente, driblador e rápido para jogar da esquerda para o centro.
Até anos atrás, sempre que um time brasileiro perdia e jogava mal, pediam a contratação de um camisa 10, para resolver todos os problemas. Agora, a moda é pedir um camisa 9, para empurrar a bola para as redes. Alguns grandes times do futebol mundial não têm um camisa 9.
O artilheiro do Liverpool é Salah, que joga da direita para o centro. O Manchester City, que, na segunda-feira (14), não fez gols, não tem centroavante. Todos, do meio para frente, fazem gols. O time não possui o camisa 9 nem o falso 9. Já o Bayern, com Lewandowski, e outras equipes organizam todas as jogadas para a bola chegar dentro da área para o 9 marcar.
A seleção de 1970, um dos grandes times da história, não tinha um clássico camisa 9. Zagallo, após experimentar dois grandes artilheiros, Dario e Roberto, me perguntou, perto do Mundial, se eu poderia atuar à frente de Pelé e de Jairzinho, sem voltar tanto para receber a bola, como fazia no Cruzeiro e nas Eliminatórias, com Saldanha, quando fui o artilheiro da equipe. Respondi: "Não há problema. Vou jogar como Evaldo, centroavante do Cruzeiro". Ele se movimentava à frente, abria os espaços e facilitava para a minha chegada e a de Dirceu Lopes, dois meias ofensivos, que chegavam de trás e faziam os gols.
Na atual convocação, Tite chamou cinco atacantes pelos lados (Vinicius Junior, Raphinha, Antony, Rodrygo e Martinelli), além de três meias-atacantes, pelo centro (Neymar, Coutinho e Paquetá), e apenas um centroavante (Richarlison), que jogou na seleção mais vezes pelos lados que pelo centro. Será que Tite pretende experimentar Paquetá mais à frente, formando dupla com Neymar? Dessa forma, Paquetá tem jogado bem no Lyon. Será mais uma opção, entre tantas.
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