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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Melhorou a qualidade, e aumentaram as esperanças do Brasil na Copa

Ascensão de Paquetá e de pontas hábeis mudou perspectiva da seleção

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O futebol é, às vezes, contraditório. Por mais que valorizemos o desempenho das equipes, o resultado é a alavanca, a referência, nas análises do jogo. O espetáculo de grande qualidade é consequência do futebol bem jogado. Não é a premissa. Quando um time ganha, tudo é exaltado, até os erros. Quando perde, o clube é criticado, até as virtudes.

Paquetá e Neymar, vestindo a camisa amarela e verde da seleção, estão abraçados e comemorando em campo
Lucas Paquetá e Neymar comemoram gol contra o Chile no Maracanã, no Rio - Carl de Souza - 2.jul.2021/AFP

Por outro lado, alguns resultados ocorrem por detalhes inesperados. Atlético, Flamengo e Palmeiras, as três melhores equipes brasileiras, fazem jogos equilibrados entre eles. A vitória, às vezes, acontece em momentos surpreendentes, como no pênalti perdido por Hulk e nos erros do zagueiro Nathan Silva, do Atlético, e de Andreas Pereira, do Flamengo, na conquista da última Libertadores pelo Palmeiras. Nada disso diminui a qualidade individual e coletiva e a seriedade profissional do Palmeiras. Por muito pouco, ganha-se e perde-se. O futebol é o retrato da vida.

Outro fator determinante nas avaliações é a expectativa que, muitas vezes, não combina com a realidade. Palmeiras, Atlético e Flamengo estão no mesmo nível. Porém a exigência e a expectativa em relação ao Flamengo são maiores, por causa da exuberância do futebol mostrado em 2019, ainda mais que o elenco é praticamente o mesmo. O Flamengo ganhou o Brasileirão de 2020, e o técnico Rogério Ceni foi demitido.

A expectativa com a seleção brasileira é enorme, a de ser sempre campeã e de encantar, por causa do passado e do tão falado futebol-arte, mesmo considerando o 7 a 1, os últimos 20 anos sem ganhar um Mundial e a ausência, na última década, de um supercraque, com exceção de Neymar, do nível dos melhores do mundo.

O Brasil, na vitória por 4 a 0 sobre o Chile, despediu-se do Maracanã e dos estádios brasileiros até a Copa do Qatar. Isso me faz lembrar 1970, quando a seleção venceu a Áustria por 1 a 0, também no Maracanã, antes de viajar para o México. Os torcedores aplaudiram o time brasileiro. Pela primeira vez, fui escalado como titular por Zagallo.

Antes da partida contra o Chile, a grande expectativa era a escalação de Neymar mais à frente, formando dupla com Paquetá. O Brasil teve uma ótima atuação. Neymar, que joga com a camisa 10, não foi o 9 nem o falso 9. Foi um atacante, mais próximo ao gol, "com liberdade criativa", como disse Tite. Caracterizar um jogador pelo número da camisa e pela posição já era ultrapassado nos anos 1970.

Uma das razões da queda técnica de Neymar, após sair do Barcelona, foi querer ser o dono do time, o construtor e o artilheiro, o arco e a flecha. Recuava demais para receber a bola no meio-campo, muito distante do outro gol. Contra o Chile, ao contrário, driblou, passou e finalizou perto da área adversária.

A presença de dois pontas dribladores, rápidos e abertos alargam o campo e aumentam os espaços pelo centro. Faltou a Paquetá jogar mais próximo de Neymar e alternar com ele o posicionamento. Obviamente, será importante ter um clássico centroavante como opção.

Receio apenas que, contra fortes adversários, que priorizam a troca de passes e o domínio da bola no meio-campo, o Brasil, com pontas abertos e uma grande distância entre os dois volantes (Casemiro e Fred) e os dois atacantes, deixe muitos espaços no setor.

No último ano, por causa da ascensão de Paquetá e de pontas rápidos e hábeis, como Vinicius Junior, Raphinha e Antony, melhorou a qualidade e aumentaram as esperanças e as expectativas do Brasil na Copa.

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