Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu

Será que os jogadores discutem as condutas dos treinadores?

Ou se comportam, cada vez mais, como robôs, avatares, guiados pelos professores?

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Nesta época de tanto desenvolvimento científico e tecnológico e de tantas informações, estatísticas e estratégias, não sabemos nada sobre o que ocorre dentro dos clubes, nos treinamentos, o que conversaram os treinadores com os atletas e o que falam entre si os jogadores. Tudo é escondido, proibido, apesar do esforço dos repórteres à procura de notícias.

Não sabemos a estratégia ensaiada durante os treinamentos nem a escalação, que só é divulgada uma hora antes do jogo. Ainda bem que não nos proibiram de ver as partidas, embora muitas coisas que ocorrem durante o jogo não correspondam ao que foi planejado.

Grupo de jogadores do Corinthians, vestem camisas brancas e celebram momento do gol. Um deles colocou a bola por dentro da camiseta em referência a gravidez da esposa
Jogadores do Corinthians comemoram primeiro gol da vitória contra o Coritiba, pelo Brasileirão, na última quarta-feira (23) - Ronaldo Barreto/TheNews2/Agência O Globo

Durante as partidas, pelo que vemos nas imagens da TV, existem pouquíssimas conversas entre os próprios jogadores e entre os técnicos e os atletas, a não ser na lateral do gramado, quando a bola para por alguns instantes. Na maior parte do tempo, jogadores e treinadores procuram o confronto com os adversários, com os árbitros, os auxiliares e com o VAR. Um horror, tumultos que prejudicam o espetáculo.

As entrevistas após os jogos, que, tempos atrás, eram protocolares, chatas, em que os repórteres perguntavam muito, e os jogadores e os treinadores não diziam nada, melhoraram com a chegada de vários técnicos estrangeiros, especialmente os portugueses, mais acadêmicos e mais preocupados em explicar as condutas e os detalhes técnicos e táticos das partidas. Muitos treinadores brasileiros têm seguido essa postura. Espero que continuem.

Será que os jogadores, entre os treinos e os jogos, conversam, discutem, as condutas dos treinadores ou se comportam, cada vez mais, como robôs, avatares, guiados pelos professores?

No passado, como os treinadores não tinham tanta importância, não eram tão glamourizados, e as entrevistas não eram tão protocolares, com milhões de propagandas de patrocinadores, os jogadores falavam mais, com espontaneidade, sobre as partidas, às vezes, dentro do gramado, após os treinamentos.

Os jogadores conversavam mais sobre os detalhes táticos. No Cruzeiro, eu e Piazza, companheiros de quarto, discutíamos muito sobre o que tinha ocorrido nos jogos e procurávamos os treinadores para conversar. Na seleção, nos dias de folga, quando quase todos saíam, Gerson adorava ficar dentro do hotel à procura de alguém para discutir detalhes sobre tudo o que se dava em campo.

Hoje, nas atuais entrevistas coletivas, os treinadores, com razão, reclamam do excesso de jogos, de alguns gramados ruins e da necessidade de mudar muito o time a cada partida. Mas exageram. Adoram também justificar as más atuações e/ou derrotas pelas trocas de jogadores e de esquemas táticos que são obrigados a fazer. Exageram mais uma vez. Uma das razões da liderança do Palmeiras no Brasileirão é o fato de ser, dos grandes times, o que mais mantém os titulares.

As principais equipes brasileiras possuem também elencos grandes e bons. Com exceção de alguns poucos jogadores especiais que fazem falta, pouco muda a qualidade com a troca de atletas.

Todos os jogadores deveriam conversar e discutir mais, entre eles e com os treinadores, com profundidade, sobre a maneira de jogar das equipes e sobre o melhor posicionamento em campo. A diversidade de opiniões é fundamental, sem ser tendencioso.

"O mestre quer saber mais, e o tolo não deixa ninguém falar." (Gilson Yoshioka, jornalista, autor de 12 livros e vocalista) ​

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