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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Não seria a hora de ter um técnico diferente? Uma opção seria Fernando Diniz

Após tantas eliminações, temos de escutar, ler e aprender com o que é diferente

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Continuo pensando na Copa, na eliminação do Brasil, a quinta consecutiva, sem chegar à final. Apesar das incertezas do jogo, dos erros pontuais e do equilíbrio entre as seleções –várias foram candidatas ao título–, procuro, sem achar, outros motivos importantes, técnicos, táticos e psicológicos, para as derrotas.

As cinco eliminações ocorreram depois do Mundial de 2002, vencido pelo Brasil. Nesse período de 20 anos, houve grandes transformações positivas na maneira de jogar que continuam até hoje. Começaram no Barcelona, com Guardiola e com grandes craques, como Messi, e se espalharam pelo mundo, embora cada país conservasse suas particularidades. O Brasil custou a começar a mudar, somente depois do 7 a 1, em 2014.

Os grandes times passaram a jogar com mais intensidade, a tentar recuperar a bola perto do gol adversário e/ou onde a perderam, a trocar passes desde o goleiro, a defender e a atacar com muitos jogadores, e tantos outros detalhes. O futebol ficou muito melhor e mais emocionante.

Fernando Diniz durante partida do seu Fluminense contra o Botafogo, no Maracanã; nome dele é um dos especulados após a saída de Tite - Sergio Moraes - 23.out.22/Reuters

No Mundial do Qatar, vimos tudo isso, embora os grandes times europeus sejam superiores às suas seleções, o que aumenta as chances de Brasil e Argentina vencerem. Mesmo assim, o Brasil, mais uma vez, foi eliminado nas quartas de final.

As seleções do Mundial usaram de todas as estratégias conhecidas, pois há muitas maneiras de jogar bem e de vencer. Não houve nenhuma novidade tática e nenhum legado. A Argentina usou um esquema tático em cada partida, mas teve sempre, no mínimo, três meio-campistas (Enzo Fernández, De Paul e Mac Allister), além de dois atacantes, Messi e Lautaro Martínez (depois, Julián Álvarez). O time jogou com dois e com três zagueiros, avançou com pontas e com alas, teve três ou quatro no meio de campo e outras variações.

Uma das razões do domínio da Argentina sobre a França foi o posicionamento dos três meio-campistas, enquanto a França dependia do recuo de Griezmann, que atacava e tentava retornar ao meio-campo. É muito mais fácil sair de trás e avançar, como fazem os meio-campistas, do que jogar mais à frente, como um meia-atacante, e tentar recuar.

Apesar de a seleção brasileira ser uma situação à parte, pois quase todos os jogadores atuam na Europa, mais uma derrota deveria ser motivo para reflexões e correções de graves problemas do futebol que se joga no país, como o péssimo calendário e a ausência de uma liga forte dos clubes. Precisamos também evoluir na maneira de observar e de analisar o futebol. Temos de escutar, ler e aprender com o que é diferente. A diversidade é fundamental.

Nas cinco eliminações, o Brasil foi dirigido por Tite (duas vezes), Felipão, Dunga e Parreira. Todos são bons, possuem conhecimentos científicos, adoram estatísticas, mas não surpreenderam. Apenas repetiram o que foi pensado e ensaiado. Não seria a hora de ter um técnico diferente, mais sonhador, que una a ciência com a ousadia e que goste da aproximação dos jogadores do meio-campo para trocar passes? Uma opção seria Fernando Diniz, com alguém experiente para ajudá-lo, já que é praticamente impossível a contratação de Guardiola ou a de Ancelotti.

A pressa e a velocidade, na vida e no jogo, do mundo atual, não podem anular a criatividade, a improvisação e a importância de ter a bola, acariciá-la, antes de chegar ao gol. No mundo pragmático, globalizado, é preciso salvar os inventivos e os ousados.

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