Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

O Brasil na conferência Estocolmo+50

Não precisamos de mais papéis, mas, sim, de ações concretas e reais dos países

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Nesta semana, nos dias 2 e 3 de junho, foi sediada na Suécia a Estocolmo+50, reunião para comemorar os 50 anos da primeira conferência que inseriu o tema meio ambiente na discussão diplomática. O evento teve como objetivo fazer um balanço do que foi alcançado nessas cinco décadas e aprofundar outros temas ambientais que serão discutidos em encontros como a COP27, que acontece neste ano, no Egito. Atividades paralelas organizadas pela sociedade civil também fizeram parte da programação.

Desde o primeiro encontro, as discussões sobre meio ambiente e clima avançaram --hoje se fala em transição justa, bioeconomia, redução da degradação dos solos e dos oceanos, biodiversidade, limitação de emissão de gases de efeito estufa, entre outros temas.

 tukumã pataxo, samela sateré-mawe e txai surui no prostesto em estocolmo
Tukumã Pataxó, Samela Sateré-mawe e Txai Suruí durante manifestação em prol da floresta e das populações originais, em Estocolmo - Divulgação


No entanto, o contexto climático e ambiental piorou. Os países ainda se recusam a assumir compromissos mais ambiciosos e radicais, o desmatamento na Amazônia tem seus maiores índices em 15 anos e os indicadores de mudanças climáticas batem recorde em 2021.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que estamos "cada vez mais próximos de uma catástrofe climática", em análise do relatório "Estado do Clima", que aponta os últimos sete anos como os mais quentes já registrados.

O documento traz outros dados assustadores: os oceanos chegaram aos seus maiores níveis de acidez e temperatura, além do aumento do nível do mar devido ao derretimento das camadas de gelo.

Porém, o multilateralismo com foco econômico nas questões climáticas afasta a questão ambiental proposta na primeira conferência, que trazia a discussão de um meio ambiente saudável e integral para todos.

Diante de tudo isso, o Brasil, que ajudou a construir o termo meio ambiente humano e que sempre teve papel de protagonista na discussão, chegou sem credibilidade à conferência. Com sua política de isolamento e sua postura crítica à preservação ambiental, o país vem perdendo cada vez mais o poder diplomático que tinha.

Apesar da fraca presença por parte do governo, o Brasil esteve bem representado por jovens ativistas indígenas e ambientais, como Samela Sateré-Mawe, Tukumã Pataxó, Mikaelle Farias e Karina Penha, e organizações como Conectas, Kanindé e Fridays For Future, que ocuparam o espaço com mensagens sobre a importância da luta dos povos indígenas, da proteção da Amazônia e do protagonismo jovem, com pedidos de ações efetivas.

A verdade é que não precisamos de mais papéis, mas, sim, de ações concretas e reais dos países. O que se vê são novas promessas e tentativas de novos acordos, mas aquilo de que necessitamos não está sendo feito, e o caminho parece cada vez mais longo e tenebroso.

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