Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Dia da Amazônia

Não se esqueçam de citar a resistência e a bravura dos seus povos

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No dia 5 de setembro se comemora o Dia da Amazônia, um dos patrimônios naturais mais valiosos do mundo. Eu que falo tanto sobre ela pensei como poderia mostrar sua importância. Lembrei do que um amigo me disse: "Lutamos por aquilo que amamos e amamos aquilo que conhecemos". Concordo com ele. Como poderiam as pessoas defender a floresta quando perderam há muito tempo sua conexão com ela? Quando não a entendem ou não se reconhecem?

O Brasil não conhece a Amazônia, vê nela apenas o ouro, a prata e o dinheiro, mas não enxerga suas verdadeiras riquezas. Não vê a vida acontecendo nas plantas e animais. O ciclo da vida se repetindo e fazendo crescer mais e mais. Não vê as árvores frutíferas alimentando os seres com fome. Não vê a brisa refrescando o calor que aumenta cada dia mais. Não vê a água pura dos rios matando a sede ou a sombra das árvores que protegem do sol e são casa para os sábias. Queima as plantas medicinais que curam as doenças de quem vive lá. Não valoriza a sabedoria dos ancestrais. Zomba e desrespeita aqueles que milenarmente entenderam o valor da natureza. Aqueles que sabem que na verdade somos parte dela.

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e com a maior biodiversidade. É o que é pois foi nutrida e nutriu os povos originários desta terra. Ela nos alimentou, abrigou e protegeu enquanto plantávamos e cuidávamos dela. Hoje somos nós quem a protegemos e ela continua a nos ajudar a criar nossos filhos e fortalecer nossos espíritos.

Mas o não indígena continua a ver nela apenas aquilo que quer comprar, as coisas que pode ter, cujas matérias-primas também foram dadas por ela.

Lembram-se da ostentação e da ganância, mas se esquecem do amanhã. Se esquecem até mesmo do outro que em sua religião chamam de irmão. Continuam a matar em nome de Deus e da pátria. Não se compadecem com a fome ou as doenças que o garimpo traz. Não se entristecem com o choro das mães e mulheres que perderam mais um guardião. Fecham seus olhos para as consequências da destruição. Tapam seus ouvidos para os gritos de justiça. Calam suas bocas diante do genocídio. Como poderia o Deus deles estar contente quando se esqueceram de seu maior ensinamento, senão, o amor?

Ensinem, falem e cantem canções sobre a maior floresta que já existiu. Digam às suas crianças a incontável quantidade de plantas, animais, culturas e belezas que existem lá.

E não se esqueçam de citar a resistência e a bravura dos seus povos. Que com seus corpos e seus espíritos mantêm essa floresta de pé e que por ela nunca deixarão de lutar, pois entendem sua importância e amam aquele lugar.

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