Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu pantanal

Só em agosto, 26 mil focos de incêndio na Amazônia

Um cenário apocalíptico; Porto Velho está tomada por fumaça há mais de 30 dias

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Em agosto foram registrados mais de 26 mil focos de incêndio na Amazônia Legal. Depois do Pantanal e do Cerrado, a Amazônia bate recordes de queimadas.

De acordo com os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), já são mais de 2,5 milhões de hectares queimados no bioma amazônico em menos de um mês. Desde o começo do ano já foram mais de 4,1 milhões de hectares afetados pelo fogo.
As queimadas afetam mais de nove estados de norte a sul do país. Na lista estão Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas. O período de seca, que aumenta a cada ano devido às mudanças, contribui para que o fogo se alestre pela floresta.

Os olhos ardendo, a garganta seca, dificuldade para respirar, o aumento de casos hospitalares devido a problemas pulmonares ou doenças respiratórias, voos cancelados... Um cenário apocalíptico. Porto Velho (RO) está tomada por fumaça há mais de 30 dias. Essa é a realidade de quem vive aqui, no centro da floresta amazônica. A cidade já registra uma qualidade do ar considerada perigosa. De uma margem do Madeira —com o menor nível em 60 anos, deixando famílias ribeirinhas sem água e comida— não se consegue ver a outra por causa da fumaça.

A imagem mostra uma área devastada por incêndio, com fumaça visível no ar. Há árvores queimadas e vegetação seca ao redor. Um homem, possivelmente um agente de controle de incêndios, está de costas, segurando um objeto na mão. O céu está claro, mas a fumaça cria uma atmosfera densa na cena.
Incêndio florestal na ilha de Marajó (PA) - Márcia Foncensa - 18.ago.2024/Divulgação

Na quarta (28), depois de ver por um mês o estado ser consumido pelas chamas e sufocado pelas fumaças das queimadas ilegais, o governo estadual emitiu decreto que proíbe o uso de fogo por 90 dias.
O parque de Guajará-Mirim, umas das maiores áreas de conservação do estado, ardeu por mais de um mês. Uma área de quase 50 mil campos de futebol, mais de 20% do total do parque, foi queimada.

Essas queimadas liberam substâncias tóxicas e gases tóxicos prejudiciais à saúde, que afetam não somente os pulmões mas também o coração e a circulação. No Brasil, de acordo com o estudo da Copenhagen Consensu Center, estima-se que 49 mil pessoas morram a cada ano como consequência da poluição do ar.

Os riscos são maiores para quem está mais próximo às queimadas, mas as fumaças podem viajar quilômetros de distância. Viu-se isso alguns anos atrás, quando as fumaças das queimadas na Amazônia atingiram São Paulo. Neste ano, chegaram a Porto Alegre, cobrindo a cidade de fumaça.

E não é só isso. As queimadas emitem gases de efeito estufa, acirrando ainda mais as emergências climáticas.

Provocadas por ação humana, não por causas naturais, essas queimadas são finalmente agora alvo de investigações em São Paulo, na Amazônia e no Pantanal.

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