Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Agricultura volta a enfrentar estoques mundiais de grãos elevados
Mauro Zafalon/Follhapress | ||
Milho na carroceria de caminhão em lavoura no norte do Paraná |
Uma safra mundial de grãos encorpada. Esse é o resultado dos números apresentados nesta semana por órgãos que acompanham safra nos principais países produtores.
Uma "safra cheia", sem um acompanhamento do consumo no mesmo patamar, eleva estoques e pode afetar preços mais à frente. Por ora, no entanto, a demanda se mantém forte, segurando preços.
A safra mundial de milho, por exemplo, supera 1 bilhão de toneladas em 2016/17. Esse número ficou mais claro depois que o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou uma produção de 387 milhões de toneladas para o país.
O Brasil também retoma o ritmo de produção, perdido na última safra devido a um clima adverso. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê uma safra brasileira do cereal de até 85 milhões de toneladas em 2016/17.
O aumento de safra nas principais regiões produtoras de milho compensa o recuo na China. Com o fim dos incentivos ao produto, a produção chinesa cai para 218 milhões de toneladas, 2% menos.
A Europa mantém o patamar de 60 milhões de toneladas, enquanto na Argentina a safra está prevista em 37 milhões de toneladas.
Outra surpresa é a produção de soja, que deverá atingir um volume mundial recorde de 336 milhões de toneladas. Estados Unidos e Brasil, os líderes mundiais, puxam o crescimento da produção. Os norte-americanos acabam de anunciar uma safra de 119 milhões de toneladas, não imaginada no início do plantio.
Enquanto a safra dos Estados Unidos já está praticamente toda dentro dos armazéns, a brasileira –também prevista em um patamar recorde– ainda depende do clima. Se tudo der certo, poderá ficar próxima de 103 milhões de toneladas, espera a Conab.
A oferta mundial de trigo também cresce, subindo para 745 milhões de toneladas, pelo menos 11 milhões a mais do que na anterior.
A União Europeia, uma das principais regiões produtoras, terá uma safra de 154 milhões de toneladas em 2017, enquanto Argentina e Austrália também recuperam produção.
O arroz é outro produto com uma produção mundial recorde: deverá atingir 482 milhões de toneladas. Sem o incentivo para o milho, os chineses elevam a produção do cereal para 147 milhões de toneladas.
Com tanta produção mundial de grãos –a brasileira supera os 200 milhões de toneladas; e a europeia, 300 milhões–, os estoques voltam para patamares elevados.
No final da safra 2016/17, o mundo terá uma sobra de 218 milhões de toneladas de milho, o suficiente para 78 dias de consumo.
Já o estoque de soja vai a 82 milhões de toneladas, um volume que cobre 43 dias de consumo.
O estoque de arroz não cresce porque será consumido um volume semelhante ao produzido. Os estoques mundiais estão, no entanto, em 114 milhões de toneladas.
Situação pior é a do algodão, cujos estoques deverão somar 19 milhões de toneladas, para um consumo mundial de 22 milhões em 2016/17.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade