Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Produção de carne sobe, e Argentina avança no mercado externo

Melhora afeta produtor brasileiro, que tinha ganhado participação no vizinho

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Pecuaristas conduz gado em curral na Argentina
Rebanho em fazenda em Valdes, na Argentina - Enrique Marcarian - 26.mai.12/Reuters

O setor de carnes da Argentina, após o fim das intervenções do governo, começa a entrar nos trilhos. O país elevou o consumo interno, exporta mais e importa menos.

Os dados mais recentes do Ministério da Agricultura da Argentina e de entidades privadas apontam aumento de consumo per capita em todos os segmentos.

Os dados atuais mostram consumo anual de 59 quilos de carne bovina por pessoa, 44 de carne de frango e 14 de carne suína.

O maior desempenho ocorreu no setor de suínos, cujo consumo era 36% menor que o atual há cinco anos. Somava apenas 9 quilos per capita.

O consumo de carne bovina, após forte recuo nos últimos anos, devido à redução do rebanho, começa a se recuperar.

Essa melhora no quadro de produção e de oferta de carnes na Argentina acaba afetando o Brasil, que tinha um bom mercado no país vizinho.

Os argentinos, que já foram os principais exportadores mundiais de carne bovina, estão retornando ao mercado mundial com força. No ano passado, as vendas externas renderam US$ 1,3 bilhão, 24% mais do que em 2016. O volume exportado subiu para 208 mil toneladas, 33% mais.

O país cresce em duas frentes. Ganha mercado na China e na Rússia, países que elevaram em 71% e em 51% as importações dessa proteína da Argentina em 2017. Os preços ficam próximos de US$ 4.000 por tonelada.

Já o mercado europeu compra em quantidades menores, mas alguns países, como Alemanha e Holanda, chegam a pagar US$ 12 mil por tonelada.

Aves

A produção de carne de aves somou 2,1 milhões de toneladas no ano passado no país vizinho, abrindo espaço para exportações de 186 mil toneladas, 11% mais do que em 2016.

A oferta maior de carne de aves internamente permitiu à Argentina reduzir em 32% as importações desse produto no ano passado. Boa parte dessa carne saía do Brasil.

O grande salto dos argentinos nesse setor foi na produção de carne suína. Os abates ultrapassaram 6 milhões de cabeças pela primeira vez, elevando a produção do país para 566 mil toneladas.

O consumo interno de carne suína aumentou 6% no período, e as exportações subiram 56%.


Agronegócio surpreende e ajuda a elevar superavit da balança comercial

Início de ano é sempre um período de ritmo fraco nas exportações do agronegócio. Janeiro deste ano, porém, surpreendeu e as exportações agropecuárias ajudaram o país a atingir o saldo de US$ 2,8 bilhões no mês, bem acima da média do período nos anos anteriores.

As exportações de soja atingiram 1,56 milhão de toneladas, um recorde para o mês de janeiro. A receita, tradicionalmente baixa neste período do ano, somou US$ 594 milhões, a terceira maior registrada na balança comercial. Petróleo e minério de ferro lideraram.

Outro produto de destaque foi o milho, cujo volume exportado somou 3 milhões de toneladas, 108% mais do que em janeiro de 2016.

Graças ao volume exportado, o milho representou a quarta maior receita da balança no mês passado.

A carne bovina repete, em janeiro, o bom ritmo de 2017. O setor colocou 100 mil toneladas de carne "in natura" no mercado externo, 14% mais do que em igual período do ano passado. As receitas atingiram US$ 426 milhões.

A demanda mundial e a baixa oferta de carne bovina nos principais concorrentes brasileiros devem garantir mais um ano de crescimento nesse setor.

Já as vendas externas de carnes suína e de frango perderam força neste início de ano. O volume de carne de frango exportado recuou para 305 mil toneladas, 6% menos do que em janeiro de 2017, enquanto o de carne suína caiu para 45 mil toneladas, 17% menos.

A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicou ainda outros produtos com boa evolução nos volumes exportados, em relação a janeiro de 2017: algodão (mais 153%), fumo (97%), suco de laranja concentrado (82%), etanol (17%) e café (6%).

Já o açúcar, um dos principais itens da balança comercial brasileira, teve queda próxima de 30% no mês passado, em relação a janeiro de 2017.


Adubos - Após o ritmo acelerado do ano passado, as importações de fertilizantes somaram US$ 412 milhões em janeiro, 35% menos do que em igual período de 2017.

Leite - A compra externa de leite também recuou, ficando em US$ 32 milhões no primeiro mês deste ano. A queda foi de 48%, segundo dados da Secex.

Pescado - A importação de peixes e de crustáceos teve comportamento inverso ao do leite, subindo para US$ 131 milhões no mês passado, 5% mais do que em janeiro de 2017.

Soja - Se as exportações de soja vão bem no Brasil, o mesmo não ocorre nos Estados Unidos, segundo informações da AgRural. Maior produtor mundial da oleaginosa, o país teve as menores exportações semanais no período terminado em 25 de janeiro.

Volume - Dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) mostram que foram exportadas apenas 359 mil toneladas no período, o menor volume semanal da temporada 2017/18.

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