Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Nova Operação Carne Fraca deverá ter efeito menor na exportação

Ação é limitada a poucas unidades da BRF e abrange só setor de aves, mas põe em xeque imagem do setor

Unidade da BRF em Santa Catarina
Unidade da BRF em Santa Catarina - Nelson Almeida - 17.mar.17/AFP

O Brasil, um dos principais exportadores mundiais de carnes, brinca com fogo. Alguns participantes da cadeia produtiva conseguem provocar no país preocupação e estragos econômicos semelhantes aos dos sérios problemas de sanidade enfrentados por concorrentes brasileiros.

A nova Operação Carne Fraca restringe-se a fatos velhos, ocorridos antes da primeira operação, que completa um ano neste mês.

Agora, tem endereço certo, limitado a poucas unidades da BRF, e abrange apenas o setor de aves. Mesmo assim, novamente põe em xeque a imagem do setor.

É difícil imaginar que uma empresa, após a primeira operação da PF, realizada em março do ano passado, continuasse a fazer o que relata a Operação Trapaça, deflagrada nesta segunda-feira (5).

Entre os problemas apontados estão adulteração de laudos laboratoriais, ocultação da contaminação de aves, fraudes na produção de ração, utilização de remédios em dosagem inadequada na preparação da ração e informações incorretas nas GTAs (guias de trânsito dos animais). Tudo isso com indícios de conhecimento de parte da direção da empresa.

O relatório da PF afirma que essas inadequações põem em risco a saúde dos brasileiros e a credibilidade do país no mercado externo, em prejuízo das empresas que atuam de forma correta.

Um dos emails apreendidos é preocupante. Um dos gerentes de produção de ração pergunta: "Não temos como andar dentro da lei?". A resposta: "Temos, mas essa [fazer o se que fazia] é uma estratégia da empresa".

As consequências dessa nova operação da PF não devem ter o impacto da primeira, quando 74 países suspenderam as importações de carne do país. Desses, apenas um não voltou a importar do Brasil.

Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), não acredita em uma reação tão intensa do mercado externo como a do ano passado. "Pela lição que aprendemos, esse vai ser um problema pontual, localizado em poucos frigoríficos."

Na avaliação de Turra, o mercado foi corrigindo os erros apontados na primeira Operação Carne Fraca. Os problemas relatados nesta mais recente —e que se referem a erros antigos— já foram sanados, segundo ele.

ALERTA

A operação desta segunda-feira serviu de alerta para os produtores de frango. Ocorre em um momento de vendas retraídas, estoques elevados nas granjas e no varejo e custos de produção em alta.

No ano passado, a Operação Carne Fraca provocou intenso recuo dos preços no setor, afetando principalmente o valor da arroba do boi.

A sorte do Brasil é que, apesar desses desvios na produção, o mundo ainda necessita da carne brasileira.

Os EUA, que lideram a produção mundial, e a China, terceiro maior produtor, enfrentam problemas sanitários, entre os quais a gripe aviária. O Brasil é o segundo maior.



Menos café A produção brasileira de café será grande na safra 2018/19, mas não tanto como preveem algumas consultorias. Na avaliação do Rabobank, a safra brasileira vai alcançar 56,8 milhões de sacas.

Menos café 2 A Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) estima uma safra de 58,5 milhões de sacas. Há consultorias, porém, que têm expectativas de até 65 milhões de sacas para a safra brasileira.

Milho O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) elevou a estimativa da área de milho de Mato Grosso para 4,5 milhões de hectares na segunda safra do estado. Área maior e produtividade melhor deverão elevar a produção para 25,9 milhões de toneladas, prevê o Imea.

Milho 2 A AgRural elevou a previsão nacional de milho da segunda safra para 64 milhões de toneladas. Incluindo a produção de verão, a safra de milho chegaria a 90 milhões de toneladas no país no período de 2017/18.

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