Esta terça-feira (10) foi um dia de muitos números e poucas mudanças no quadro mundial da produção de grãos.
No Brasil, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ajustaram um pouco para cima as previsões de safras, em relação aos números divulgados em março.
Ambos preveem, porém, safra inferior neste ano, em relação à de 2017. Na avaliação deles, a produção de grãos 2017/18 deverá ficar entre 229 milhões e 230 milhões de toneladas. A de 2016/17 atingiu o recorde de 240 milhões.
O reajuste de safra deste mês da Conab e do IBGE ocorre porque esses órgãos públicos começam a apostar mais na soja. Refizeram seus números para um volume próximo de 115 milhões de toneladas, no que foram acompanhados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
A estimativa de produção brasileira de soja destes três órgãos está, no entanto, bem defasada em comparação às de consultoria privadas, que já esperam uma safra superior a 119 milhões de toneladas.
A grande novidade nos números do Usda desta terça-feira foi a queda da safra argentina de soja para 40 milhões de toneladas. O órgão americano chega tardiamente a esse volume, já conhecido há várias semanas pelo setor. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires vai além e já estima apenas 38 milhões de toneladas. Em 2017, a safra da Argentina atingiu 58 milhões de toneladas.
Uma boa notícia para os produtores brasileiros é que a China deverá importar 97 milhões de toneladas de soja nesta safra, 4% mais do que em 2017. Os chineses colocaram barreiras tarifárias para a entrada da soja dos EUA em seu país, e a capacidade de exportação da Argentina, devido à intensa quebra de produção, ficou limitada.
Apesar dessa quebra na produção argentina, os estoques mundiais de soja terminam esta safra em 91 milhões de toneladas, 26% do consumo anual.
Milho
Os produtores brasileiros apostaram mais na soja do que no milho nesta safra. Reduziram a área do cereal, e a safra deste ano cai para um volume inferior a 90 milhões de toneladas. No ano passado foram colhidos 100 milhões de toneladas.
A produção mundial do cereal vai atingir 1,04 bilhão de toneladas, e a demanda será de 1,07 bilhão.
Recorde na citricultura A produção de laranja atingiu 1.033 caixas de 40,8 quilos na safra 2017/18 na região citrícola de São Paulo e de Minas Gerais. O volume é o maior obtido pelos produtores até hoje e supera em 25% a média dos últimos dez anos.
Cuidados Duas coisas permitem safras recordes na agricultura: clima e cuidados com a produção. O laranjal paulista teve os dois, segundo informações do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura).
Muito fruto A produção total de laranja atingiu 398 milhões de caixas em 2017/18, o quarto maior volume nos últimos 30 anos de acompanhamento de safra.
Mais ATR O teor de Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana atingiu 131 kg, maior patamar nas últimas seis safras. O dado é da Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e se refere à região centro-sul.
Menos cana A melhora da qualidade da matéria-prima compensou a queda no volume de cana-de-açúcar moída, segundo Antonio Padua Rodrigues, diretor da Única.
Produção As 278 usinas que estiveram em atividade durante a safra 2017/18 processaram 596 milhões de toneladas de cana, que resultaram na produção de 26 bilhões de litros de etanol (16 bilhões do tipo hidratado) e de 36 milhões de toneladas de açúcar.
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