Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Peste suína avança na China e deve mexer com o mercado mundial

Líder, país deverá ter produção menor e elevar as importações de carne

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

 A suinocultura da China passa por um momento complicado. Há um avanço da peste suína africana por várias das principais regiões produtoras do país.

Por ser a maior produtora e consumidora mundial de carne suína, o avanço da doença poderá mexer com o mercado mundial. A China produz 56 milhões de toneladas e consome 56 milhões por ano.

Consumidor escolhe corte de carne suína em Kunming, na China
Consumidor escolhe corte de carne suína em Kunming, na China - 24.out.18/Reuters

Além da China, a Europa, outro importante mercado consumidor e exportador, também apresenta as primeiras regiões com a doença.

A União Europeia produz 24 milhões de toneladas por ano e consome 21 milhões, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).

O avanço da peste suína africana na China deverá provocar sérios problemas no sistema de produção local e elevar a necessidade de importação, segundo estudo do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Para evitar que a doença alcance novas regiões, a China proibiu o transporte de animais. A medida derruba os preços nas regiões produtoras e eleva nas que dependem de compra de outras regiões.

Essa instabilidade do mercado traz problemas para os produtores, principalmente para os pequenos. Parte deles está deixando de produzir, aponta o banco.

Segundo a Embrapa, o vírus da peste suína foi detectado em suínos de subsistência na China e na Romênia e em javalis na Bélgica.

Nesses surtos, a fonte comum de infecção foram restos de alimentos contendo produtos não cozidos, derivados de suínos, contaminados com o vírus. A doença é hemorrágica, mas não é transmitida para os seres humanos.

Janice Zanella, chefe-geral da Embrapa Aves e Suínos, diz que há uma preocupação muito grande no Brasil com a doença.

"Nenhum país pode ser considerado como de risco zero, principalmente com o aumento contínuo dos transportes mundiais. Os efeitos da doença são desastrosos, segundo a chefe da Embrapa Aves e Suínos.

O fluxo de navios entre Brasil e China é grande. Os navios que vão com farelo de soja e soja voltam com outros produtos e insumos que o Brasil importa do país asiático.

Pesquisas feitas no Estados Unidos indicam que o vírus tem uma resistência muito grande, até mesmo em condições adversas para ele.

O Brasil precisa se precaver e não passar por mais um susto, principalmente depois das operações da Polícia Federal no setor de proteínas, segundo Zanella.

Essa é uma medida que os Estados Unidos já estão tomando, principalmente porque uma eventual ocorrência da peste suína no mercado americano geraria prejuízo de bilhões de dólares, segundo Usda.

Uma intensificação da doença nas granjas chinesas fará com que o país eleve as importações. E o Brasil é um dos fornecedores.

As importações chinesas de carne suína aumentaram 10% em agosto último, em relação a igual período do ano passado, um sinal de que a necessidade de compra externa está aumentando, segundo o Rabobank.

Dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) mostram que as importações chinesas de carne suína brasileira, no mês passado, superaram em 361% as de igual período de 2017.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.