Após um ano para ser esquecido, a suinocultura espera um 2019 bem melhor. Os russos, que no ano passado ficaram com 40% do produto exportado pelo Brasil e que haviam fechado as portas à carne brasileira neste ano, estão de volta.
Reabriram o mercado russo para a carne suína em quatro frigoríficos do Sul, o que deverá gerar vendas de pelo menos 20 mil toneladas até o fim do ano. Este é um período de redução de movimento nos portos russos, devido ao frio intenso na região.
Para o próximo ano, porém, o cenário pode ser bem melhor. A China, maior produtora e consumidora mundial de carne suína, passa por um avanço da peste suína africana.
Os chineses, que já vêm elevando as compras no Brasil, deverão se abastecer ainda mais com o produto brasileiro em 2019.
Além da China, o Brasil passa a ser alvo dos principais consumidores mundiais de carne suína. Hong Kong está comprando mais. Japão e Coreia do Sul abriram os mercados, e o México terminou, na terça-feira (30), uma visita para conhecer o sistema de produção brasileiro.
Até a Índia, o segundo país mais populoso do mundo, está com representantes no Brasil em busca de carne suína brasileira.
Além disso, na ausência da Rússia, o Brasil buscou novos mercados, principalmente na América do Sul, e espera mantê-los em 2019.
"A reabertura russa veio em boa hora e deverá dar um ambiente especial para 2019", segundo Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
As exportações deste ano deverão somar 650 mil toneladas, um volume que poderá supera as 700 mil toneladas no próximo ano, segundo o presidente da ABPA.
Para Valdomiro Ferreira Junior, presidente da APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos), a reabertura da Rússia é extremamente positiva.
O próximo ano poderá ser marcado por dois fatores importantes: redução de custos e aumento das exportações, diz ele. Isso traz um efeito psicológico positivo ao setor, acrescenta.
Na avaliação de Ferreira, os custos totais de produção, incluídos os financeiros, são de R$ 78 por arroba (15 quilos). A comercialização é feita por R$ 73.
Nos próximos 15 a 20 dias, essa diferença encurtará, e o produtor poderá até ter liquidez, em vista das perspectivas de melhora do mercado, afirma.
Os preços devem reagir porque a abertura russa vem em um dos momentos de maior demanda por carne suína no mercado. A procura pelo produto cresce nas festas de final de ano, e o setor está sem estoques.
A Rússia liberou também cinco unidades frigoríficas para a exportação de carne bovina. Ao contrário das carnes suína e de frango, a bovina vive um bom momento nas exportações. É mais um incentivo ao setor.
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