Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Consumidor quer mais sabor e textura em hortaliças e evita desperdícios

Ao menos 30% do que se produz é perdido em transporte, distribuição e aproveitamento nas casas

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Produtores e representantes da cadeia de hortaliças e de frutas de oito países se revezaram, por uma semana, em uma fazenda em Bragança Paulista (SP), próximo à capital paulista.

Plantação de tomate em fazenda experimental da empresa Sakata, no interior de SP
Plantação de tomate em fazenda experimental da empresa Sakata, no interior de SP - Mauro Zafalon/Folhapress

Foram 2.500 representantes do setor que estavam em busca de produtos que atendessem às novas exigências do mercado: sabor, textura, maior durabilidade e produtividade.

A preocupação deles é válida porque o mercado está mudando. Os anos de 2017 e de 2018 foram para ser esquecidos pela cadeia de hortifrútis. Com altas constantes de crescimento de dois dígitos de 2009 a 2016, os dois anos seguintes foram de forte queda na produção e na venda, afetando toda a cadeia, da produção à distribuição e à revenda.

Paulo Koch, diretor de marketing da Sakata Seed Sudamerica, empresa que completou 50 anos de Brasil neste ano e é responsável pela estação experimental na fazenda de Bragança Paulista, atribui várias causas à queda de vendas no setor.

Uma delas, porém, exige mais atenção do setor. Koch diz que “os consumidores buscam maior eficiência no aproveitamento dos produtos”. Ou seja, estão evitando desperdícios e comprando variedades com maior durabilidade e que não percam as características originais.

Os números de perdas desse segmento são impressionantes. Pelo menos 30% do que se produz é perdido no pós-porteira: transporte, distribuição e aproveitamento nas casas.

“Mas agora o consumidor está comprando menos, fazendo contas e aproveitando melhor os produtos”, diz o diretor da Sakata.

O desafio das empresas é se adequar às novas exigências desse consumidor, buscando tecnologias em genética para um melhoramento das variedades.

Uma das estratégias é levar parte da produção para áreas protegidas por meio de estufas. O desenvolvimento de tecnologias para essas áreas permite produtos com maior durabilidade, menor utilização de agroquímicos e maior produtividade.

Ganha o consumidor, que tem produtos mais saudáveis, e os produtores, que agregam mais valor às hortaliças. A Sakata desenvolve tecnologias para produtos convencionais, não utilizando transgenia.

Koch aponta o caso de novas variedades de pimentão. A genética busca um sabor mais adocicado e um produto menos agressivo ao paladar.

Além disso, a adaptação das variedades à resistência de algumas doenças reduz a pulverização de 15 vezes para duas ou três durante o processo produtivo.

No caso do tomate, a busca é por um produto mais crocante e com sabor. Essas novas opções de produto que chegam ao mercado, no entanto, têm maior valor agregado para o produtor e custam mais para o consumidor.

A hidroponia, uma atividade crescente, tem sido uma das saídas para a manutenção da qualidade dos produtos, segundo Aniello Antonio Cutolo Filho, pesquisador especializado em melhoramento genético da Sakata.

A alface cultivada no solo tem as raízes cortadas. A hidropônica, cultivada na água,  é embalada com elas, o que garante maior durabilidade ao produto.

O setor de hortifrútis, apesar das oscilações constantes de preços, é um mercado atrativo no longo prazo.

A tecnologia utilizada dá para avançar e o país ainda tem muito a crescer no consumo, segundo Franco Borsari, diretor da Green Has Italia, empresa voltada para a nutrição vegetal.

O consumo de hortifrútis recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 450 gramas diárias. O do brasileiro se restringe a 130.

Na avaliação de Borsari, há muito espaço ainda para o avanço das tecnologias para produtos adaptados ao Norte e ao Nordeste do país.

Material genético, manejo nas culturas e utilização de insumos adequados vão elevar a produtividade e a qualidade dos produtos, segundo ele.

Para Koch, é preciso pensar no aumento de consumo via prazer. Quanto mais os produtos se adequarem às necessidades dos consumidores, maiores serão as vendas.

Daí a Sakata colocar na prateleira neste ano novas variedades de uma dezena de produtos, que vão de cebolinha a tomate, pimentão e alface.

Além de atender as exigências dos consumidores, o mercado deve garantir produtividade e rentabilidade aos produtores, segundo o diretor da empresa.
 

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