Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Demanda menor de suco de laranja e avanço mexicano são desafios para o Brasil

Estoques finais da safra 2018/19 devem recuar para 200 mil toneladas, segundo a CitrusBR

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Enquanto na política aumenta a quantidade de laranjas, no campo cai a produção real da fruta. O clima ruim provoca redução da oferta e consequente piora da qualidade das laranjas.

O resultado é que as indústrias precisam de mais frutas para conseguir uma tonelada de suco.

É o que está ocorrendo nesta safra: a produção cai e os estoques de suco ficam baixos. Na safra 2018/19, que termina em 30 de junho, os estoques finais de suco deverão ser de 200 mil toneladas, segundo a CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).

Se confirmado, esse volume ficará 42% abaixo do estoque do final da safra 2017/18. Não são apenas os estoques que caem, mas também a demanda.

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Operários na linha de produção da indústria de suco de laranja no interior de São Paulo - Edson Silva 29.jul.2012/Folhapress

A safra deste ano iniciou com 343 mil toneladas de estoques de suco herdados da anterior. Esse volume, somado à produção de 874 mil toneladas nesta safra, garantiu uma oferta de 1,22 milhão de toneladas no período.

Na conta da CitrusBR, porém, 200 mil toneladas não serão consumidas e engordarão os estoques da safra 2019/2020.

A demanda total, portanto, conforme cálculos da Folha, poderá ser de 1 milhão de toneladas. Ou seja, próxima de 83 mil toneladas por mês. Há dez anos, essa demanda mensal atingia 95 mil toneladas.

Essa queda da demanda indica que o Brasil está perdendo mercado. Dois fatores levam a isso. Primeiro, o mundo está consumindo menos suco de laranja. Segundo, a concorrência do México já começa a incomodar.

Ibiapaba Neto, diretor-executivo da CitrusBR, diz que os mexicanos têm feito bons acordos comerciais com consumidores importantes de suco, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão.

O suco do México tem mostrado boa qualidade e chega nesses mercados com tarifa zero.

Já o produto brasileiro paga US$ 415 dólares por tonelada para entrar no mercado americano, 12% no da Europa e 24% no do Japão.

Com esses acordos comerciais e facilidades nas vendas, aos poucos os mexicanos vêm obtendo parte do mercado antes ocupado pelos brasileiros.

O levantamento da CitrusBR apontou, ainda, que os estoques de suco de laranja em 31 de dezembro de 2018 somaram 602 mil toneladas, o segundo menor na histórica para os meses de dezembro.

O processamento total na safra 2018/19 no cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro é estimado em 237 milhões de caixas de 40,8 quilos. Desse volume, 215 milhões de caixas correspondem à produção das empresas associadas à CitrusBR (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company).

O rendimento industrial médio para esta safra está previsto em 271 caixas de laranja de 40,8 quilos para a obtenção de uma tonelada de suco —as associadas da CitrusBR estimam 269 caixas.

Há quatro anos, a moagem de 240 caixas era suficiente para a obtenção de uma tonelada de suco.

A safra de laranja deverá ficar em 285 milhões de caixas em 2018/19, bem abaixo dos 398 milhões de 2017/18.

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