Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Com excesso de estoques, arroz vai para ração

Países da Ásia, principais produtores e consumidores, utilizam o cereal mais velho na alimentação de animais

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 O arroz sempre foi muito importante na alimentação humana, principalmente nos países asiáticos. Proteção de mercado, busca de preços mais acessíveis aos consumidores, medidas contra importações e renda maior para os produtores locais foram preocupações contínuas dos governos.

Essas políticas internas acabaram sendo responsáveis por um avanço da produção e da formação de grandes estoques. Agora, parte dos países, principalmente os da Ásia, está destinando uma boa porção do cereal para a produção de ração animal, segundo o analista Vlamir Brandalizze.

Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) indicam que pelo menos 7% do volume consumido de arroz está indo para ração animal.

Agricultor em plantação de arroz em Banda Aceh, na Indonésia
Agricultor em plantação de arroz em Banda Aceh, na Indonésia - Chaideer Mahyuddin/AFP

A produção mundial do cereal deverá somar 510 milhões de toneladas na safra 2018/19, e o consumo será de 492 milhões, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Os estoques mundiais estão em 172 milhões de toneladas, o que pressiona os preços do mercado para baixo. Para Brandalizze, em alguns momentos, o preço do cereal se torna mais favorável do que o do milho, incentivando ainda mais o seu consumo.

Um dos motivos do aumento da utilização do arroz na ração é, ainda, uma desova de parte dos estoques velhos, com pouca atratividade para o consumo humano.

China e Índia são dois países que estão reduzindo muito seus estoques, embora eles ainda continuem elevados. No ano passado, os chineses reduziram em 18 milhões de toneladas, e os indianos, em 9 milhões.

O Usda estima que os estoques chineses estejam acima de 90 milhões de toneladas. Japão, Coreia do Sul e Tailândia também retiraram as restrições de utilização do arroz na alimentação de animais e agora destinam parte de seus estoques à produção de ração.

Essa nova utilização do cereal, que vem crescendo ano a ano, se reflete no Brasil, segundo Brandalizze. O país vai ter uma redução de produção para 10,7 milhões de toneladas nesta safra e está com estoques baixos.

A saída do arroz mais velho do mercado mundial eleva o preço do produto novo e de melhor qualidade. As importações poderão custar mais.

A tendência de utilização de arroz na composição de ração vai se acentuar. O consumo per capita do cereal cai nos principais países produtores, principalmente por causa dos novos hábitos de consumo, e a demanda cresce, devido ao aumento da produção de proteínas animais.

Além disso, os países estão se adaptando às novas exigências do mercado e reduzindo estoques, principalmente para diminuir os custos financeiros do carregamento desse produto.

Com a queda de produção nos últimos anos, o Brasil deverá importar 1,3 milhão de toneladas na safra 2018/19. As exportações deverão ficar em 900 mil toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

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