Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Menor oferta de boi e maior demanda por carne impulsionam preços no setor, diz banco

Mercado tem retenção de animais e exportações crescentes, segundo analista

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Os preços do boi ganharam força nas últimas semanas. A alta se deve a dois fatores favoráveis no momento: oferta e demanda. A avaliação é de Guilherme Bellotti, analista sênior de Agronegócio do Itaú BBA.

A seca de dezembro e de janeiro comprometeu o peso dos animais, mas as chuvas que vieram a seguir permitiram uma recomposição dos pastos e uma boa disponibilidade de forrageiras.

O resultado foi uma maior retenção de animais no campo pelos pecuaristas.
Bellotti destaca outros fatores favoráveis ao preço dos animais, que, nesta terça-feira (9), estava a R$ 158,50 no estado de São Paulo, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Há um mês, a arroba era negociada a R$ 151.

Gado em Colina (SP)
Gado em Colina (SP) - Pierre Duarte - 6.jan.16/Folhapress

Um desses fatores é o aumento das exportações, principalmente com a demanda maior de proteína pela China.

Os chineses, envoltos em sérios problemas na produção de suínos, a proteína animal mais consumida no país, têm necessidade de importações maiores neste ano.A peste suína, que se alastrou pelo país, reduziu a oferta dessa carne e aumentou a demanda pela de frango e de boi.

O Brasil está bem colocado em todos esses tipos de proteínas, elevando a oferta de produto para os chineses.

No primeiro trimestre deste ano, as exportações de carne bovina para a China subiram 6% em volume e 9% em valor, em relação a igual período do ano passado.

No caso do frango, a China foi a maior importadora do produto brasileiro, ficando com 12,4% do que o país exportou de janeiro a março.

Mas não apenas os fatores externos que auxiliam os preços do boi. Internamente, a alta de 35% nos preços do frango nos últimos 12 meses, uma proteína concorrente, tem auxiliado a sustentar as cotações da carne bovina, segundo Bellotti.

Mas o produtor tem de olhar os próximos meses com atenção, segundo o analista. Uma concentração na comercialização desse gado mantido no pasto no final da safra, em maio e junho, traz risco de queda de preço.

O cenário pode ser positivo também no segundo semestre. Há um aumento limitado de animais para o abate, devido à retenção de fêmeas em 2017 e em 2018. Pode ser a virada de ciclo, afirma Bellotti.

O analista destaca, ainda, a perspectiva de uma melhora, mesmo que lenta, da renda da população. Além disso, o cenário das exportações deverá continuar favorável no segundo semestre.

A demanda por carne é boa, principalmente pela China e pela Rússia. Já a Austrália, um dos concorrentes do Brasil, tem queda na produção.

Demanda externa e interna maiores deverão ajudar a rentabilidade dos sistemas de produção mais intensivos, uma vez que os preços dos grãos estão acomodados.

Bellotti adverte, porém, que também há riscos para os preços do boi gordo. A recuperação da economia é lenta e está havendo um aumento na produção de carnes substitutas, principalmente no setor avícola.

Se não houver uma demanda externa para essa carne de frango, ela vai competir com a de boi internamente.

Uma valorização forte do real, que poderia vir com a aprovação da reforma da Previdência, e eventuais barreiras em países importadores também seriam fatores de risco para os preços, segundo avaliação do analista do Itaú BBA.

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