Um descuido com as lavouras pode complicar as finanças dos produtores. Os estragos, no entanto, vão muito mais além do campo, chegando pesadamente ao bolso dos consumidores.
É o que aponta o segundo estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) sobre um eventual não controle de pragas no campo.
Nessa segunda etapa do estudo, os pesquisadores do Cepea avaliaram a produção agrícola e o uso agroindustrial do milho, chegando até ao consumidor.
Considerando apenas uma das pragas que atacam as lavouras de milho, a lagarta Spodoptera, os pesquisadores apuraram que o não controle da praga geraria uma perda de 40% na produtividade, elevando os preços do milho em 13,6% no campo.
Esse aumento da matéria-prima vai provocar uma alta dos preços no produto final, dependendo dos diversos caminhos tomados pelo cereal nas cadeias industriais.
A surpresa foi que um dos produtos que mais recebe o impacto do não controle das pragas nas lavouras é o leite. Imaginava-se que poderia ser o frango, dado o peso da ração na produção dessa proteína.
No caso do leite, o milho sai do campo, vai para os armazéns, segue para as indústrias de ração, volta para o campo para a alimentação dos animais.
As vacas produzem o leite, que vai para os laticínios e, após industrializado, chega ao varejo. Esse longo percurso faria o consumidor pagar 4,4% mais pelo leite no varejo, se houvesse a quebra de 40% na produção e alta de 13,6% nos preços no campo.
Seguindo o mesmo raciocínio e as exigências específicas da cadeia, o fubá ficaria 5% mais caro nas prateleiras dos supermercados.
Os pesquisadores do Cepea avaliaram ainda o impacto dos preços de outros seis produtos: frango, ovos, carne suína, carne bovina, farinha e panificados. Entre os destaques nessa lista estão a carne suína, que subiria 2,5%, e a de frango, mais 2,2%.
Para os pesquisadores do Cepea, choques de preços de milho tendem a impactar de forma mais expressiva no varejo os preços do fubá, do leite, da farinha de milho e da carne de suínos.
O estudo foi feito pelo Cepea em parceria com a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e analisa ainda os efeitos do percevejo e da cigarrinha na cultura do milho.
Essas duas pragas, embora com efeitos menores, também provocam alta sobre os preços finais dos derivados de milho no varejo.
Utilização de semente certificada chega a 91% em MT
Pelo menos 91% dos produtores de soja de Mato Grosso utilizam sementes certificadas. Em algumas regiões do estado, como a do leste, o percentual chega a 98%.
Na média, 94% dos produtores com até mil hectares fazem suas plantações com a semente certificada.
Os dados são parte de pesquisa com 400 agricultores de Mato Grosso feita pela Vetor Pesquisas em março, a pedido da Abrass (Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja).
A opção pela semente certificada, segundo os produtores, se deve ao padrão de qualidade, certificação, inovação e melhoramento genético.
O levantamento indicou também que 63% são a favor de o produtor salvar sua semente, mas apenas 21% deles se utilizam desse direito garantido por lei.
Os produtores mostraram na pesquisa que são muito exigentes com a qualidade e com a garantia das sementes. O grau de satisfação pelos que utilizaram esse tipo de semente na última safra foi de 79%. A avaliação de 2% dos produtores, porém, foi negativa.
Os sojicultores buscam garantia da qualidade do produto exigindo contratos. É o que fazem 85% dos que participaram da pesquisa.
A exigência de germinação também é elevada. Dos entrevistados, 47% querem germinação entre 86% e 90%. Já 9% exigem de 96% a 100%. Metade dos produtores estariam dispostos a pagar ainda mais por uma semente de melhor qualidade.
O levantamento mostrou ainda que 64% dos agricultores fazem o tratamento da semente na própria fazenda. Com isso, eles têm custos menores e uma garantia do material que estão utilizando.
A pesquisa avaliou também os melhores momentos para a realização do plantio: 97% dos produtores acham que é importante seguir o calendário agrícola para evitar a propagação de pragas e de doenças.
Açúcar terá déficit mundial de 4,2 milhões de toneladas na próxima safra, prevê Rabobank
O mercado mundial de açúcar ainda terá um superávit de 600 mil toneladas na safra 2018/19. Na próxima, porém, haverá um déficit de 4,2 milhões de toneladas.
Os números são do Rabobank, que reavaliou a produção da Índia para 35 milhões de toneladas nesta safra.
Em 2019/20, o clima poderá não ser tão favorável no país, e a produção recuará para 31,8 milhões.
O Brasil, que perdeu a liderança mundial na produção para a Índia, deverá obter 27 milhões de toneladas na safra 2019/20.
Dependendo da reação dos preços do produto em Nova York, as usinas poderão optar por uma safra mais alcooleira ou com melhora na produção de açúcar.
A produção de açúcar poderá ter interferência negativa do clima em outras regiões produtoras, como a China. México e a América Central, contudo, terão mais açúcar para exportar, segundo o Rabobank.
Vaivém das Commodities
A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
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