Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Cultura do algodão cresce no Brasil, mas desafios aumentam

Pesquisadores e analistas da Embrapa elencam perspectivas e desafios para essa cultura

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O Brasil vem se tornando um dos principais produtores mundiais de algodão. Nesta safra, o país deverá atingir o volume de 2,7 milhões de toneladas de pluma.

Com isso, passará a ser o segundo maior exportador mundial, somando 1,7 milhão de toneladas, conforme os dados mais recentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Diante da importância dessa cultura para o país, principalmente para os estados de Mato Grosso e da Bahia, que concentram 90% da produção brasileira, sete pesquisadores e analistas da Embrapa avaliaram as perspectivas e os desafios para esse produto no Brasil.

O cenário para o algodão é promissor. A produção vem se concentrando em poucos países, e o Brasil é o único que tem terras disponíveis para novos avanços da cultura.

Do lado da demanda, a renda mundial cresce e a população aumenta o consumo de produtos naturais, favorecendo a utilização da fibra.

O algodão é um produto de extrema importância socioeconômica para o país, alertam os técnicos da Embrapa. A cadeia é complexa e de alto valor agregado. Vai da produção no campo à indústria da moda e do design.

A produção avança, mas os desafios aumentam. A atividade em um ambiente tropical traz vantagens, como a exploração econômica da terra o ano todo e a redução do ciclo das culturas. A agricultura tropical traz, no entanto, muitos desafios como a intensidade e severidade dos ataques das pragas, das doenças e das plantas daninhas.

Os pesquisadores e analistas destacaram os principais desafios e as formas necessárias de combate a doenças e pragas que afetam essa produção.

Em alguns casos, como no do combate ao bicudo, o Brasil está praticamente sozinho nessa luta, uma vez que a doença tem pouca importância nas culturas dos outros grandes produtores mundiais.

Entre os desafios está o combate à chamada mancha de ramulária, uma doença foliar causada por um fungo. Se não controlada, as perdas são grandes para os produtores.

O controle pode ser com base em produtos químicos. A gama de fungicidas é grande e institutos de pesquisas, associações e indústrias formaram uma rede nesta safra para definir quais os fungicidas mais adaptados para cada região produtora.

Outra saída, a melhor opção no combate à doença, é a utilização de cultivares resistentes. É um processo mais eficaz e não causa impactos ambientais.

A Embrapa iniciou a seleção das cultivares há dez anos e algumas variedades já estão à disposição dos produtores.

Os nematoides, vermes microscópicos que habitam o solo e que se alimentam basicamente de raízes, também são difíceis de serem controlados.

De forma quase imperceptível, atacam a planta no subsolo. Começam a aparecer, no entanto, alguns que também afetam a parte aérea das plantas.

O controle pode ser feito por agrotóxicos, que são caros e alguns têm uma toxicidade elevada.

Uma das saídas é a rotação de culturas. Essa escolha, porém, deve ser criteriosa porque a espécie vegetal selecionada pode ser suscetível a um determinado nematoide.

Estão sendo desenvolvidas também variedades de algodão resistentes para o combate do nematoide, segundo os pesquisadores.

Entre as pragas, a principal é o bicudo, inseto chamado Anthonomus grandis. O combate está sendo feito com inseticidas químicos, mas estão surgindo populações de insetos resistentes ao agroquímico. Os custos são elevados para os produtores.

Há uma busca por novas formas de combate. Uma delas é a destruição de todas as plantas de algodão após a cultura. Um produtor que não faça isso, contudo, pode comprometer os demais em uma raio de cem quilômetros.

Uma segunda forma de combate será o desenvolvimento de uma variedade transgênica resistente ao bicudo. Há uma parceria entre a Embrapa, Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) e o Instituto Matogrossense do Algodão. A solução, contudo, é de longo prazo e poderá demorar até dez anos.

O controle dessa praga pode ser feito também com o controle biológico. Algumas espécies de insetos atacam a larva do bicudo. Essa operação exige muito investimento tecnológico e uma mudança no sistema de produção.

A aplicação de inseticidas para o combate de outras pragas pode matar o inseto que foi liberado para controlar o bicudo.

Participaram desse estudo os pesquisadores e analistas Liv Soares Severino, Sandra Maria Morais Rodrigues, Luiz Gonzaga Chitarra, Joaquim Lima Filho, Elisio Contini, Mierson Mota, Renner Marra e Adalberto Araújo.

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